Agroecologia, inclusão produtiva e feminismo

A VI Feira Agroecológica de Mulheres do Baixo Sul movimentou Camamu (BA), nesta sexta (6). Desde 2012 – quando surgiu – tematizando a dobradinha inclusão produtiva feminina e enfrentamento da violência contra a mulher, o evento desta vez debateu a desigualdade no trabalho doméstico. Esta edição contou com a presença de cerca de 250 trabalhadoras rurais da região que vieram à cidade com recursos próprios. Com 14 municípios, em que aproximadamente 50% da população vive em áreas rurais, o Baixo Sul da Bahia apresenta um histórico problema de violência física, psicológica e simbólica contra as mulheres, agravado pela pouca adaptação das políticas e serviços públicos à realidade local. Muitas das comunidades estão longe dos centros administrativos das cidades, o que dificulta o acesso das mulheres à rede de efetivação de direitos básicos, principalmente em casos de violência. Além da discussão, exposição e comércio da produção das mulheres, houve uma série de apresentações culturais que ressaltaram a importância do patrimônio material e imaterial das comunidades negra rurais, especialmente daquelas remanescentes de quilombos. Entre um debate e outro, foi lançada a Campanha Nacional Pela Divisão Justa do Trabalho Doméstico, cujo objetivo é pautar relações de trabalho/exploração, gênero e violência contra a mulher. No fim, depois de uma oficina de confecção de cartazes produzidos a partir de narrativas a respeito da violência contra a mulher na região, as participantes caminharam até as portas do fórum local onde afixaram suas mensagens como forma simbólica de cobrar da Justiça o devido enfrentamento ao problema da violência de gênero na região. Por conta de KOINONIA ficou a orientação jurídica, que se mostrou uma demanda reprimida da população local e a leitura do manifesto da Rede de Mulheres Negras, que tem promovido a campanha “Parem de Nos Matar”.
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