Polícia Civil investiga quem são os responsáveis por uma série de depredações a terreiros de Umbanda e Candomblé na Região Metropolitana do Rio. A Secretaria estadual de Direitos Humanos recebeu denúncias de que traficantes podem estar por trás dos episódios de intolerância.
Se não bastasse o tribunal do tráfico, que ordena expulsões e mortes, os bandidos também interferem nas questões religiosas. Em trecho de uma carta que chegou à secretaria, o traficante escreveu:
“Não é pra esculachar, sujar nem ficar fazendo essas macumbas, servindo a deuses estranhos”.
“Esse é um fenômeno que vem acontecendo e que a gente começa observar de uma forma mais ampla. Existe um discurso fundamentalista de total intolerância religiosa em cima destes terreiros e que a gente começa a identicar alguns falsos religiosos por trás destes ataques”, afirmou o secretário Átila Nunes
“As informações que nos passaram é que a utilização de discurso religioso com base em determinadas orientações fazem com que pessoas que trabalham, inclusive, no tráfico eles começam a usar a religião como uma forma de perseguição. São falsos religiosos que através de um discurso religioso e fundamentalista, acaba incentivando a algumas pessoas do tráfico a cometer atos de perseguição religiosa”, completou.
Somente em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, sete foram depredados nos últimos dois meses.
“Quebraram tudo, não ficou nada, nada em pé. Assentamentos, imagens, tudo o que eles puderam quebrar, eles quebram. Portas, vidros, tudo, tudo, tudo. E ainda teve um problema, depois que eles fizeram tudo isso nós não pudemos fazer nenhum tipo de culto mais no nosso terreiro. Nem branco, nós pudemos usar”, contou um religiosa.
Lavagem de dinheiro
Em 2013, os traficantes do Morro do Dendê, na Ilha do Governador, também proibiram os moradores de usarem roubas brancas. A secretaria estadual de Direitos Humanos diz que outros interesses estão por trás destes ataques. As denúncias que chegam revelam que criminosos estão lavando dinheiro do tráfico em falsas igrejas.
“Uma coisa que fica muito claro é que a utilização de uma atividade que seria religiosa seria uma forma de lavar esse dinheiro e com isso conseguiria oficializar um dinheiro que vem sendo arrecadado de uma operação criminosa”, afirmou Átila Nunes. “São falsos religiosos que querem ter um pensamento único naquela região, até para que eles tenham um poder total naquela região e a partir daí lucrar financeiramente com essa operação”.
Testemunhas estão revoltadas:
“Nós somos reféns dessa bandidagem. Desse bando de gente, sei lá, que não tem educação, não tem cultura…”
FONTE: Portal G1 em 08/09/2017