Na manhã desta terça (10), o Exército já retirava materiais usados na obra de numa via que facilitaria a vida dos quilombolas, os quais atualmente só podem entrar ou sair passando pelo interior da vila naval. De acordo com lideranças locais, a interrupção da estrada ocorre logo após outro protesto contra a construção de um muro bloqueando o Rio dos Macacos, impedindo os moradores de pescar e buscar água.
Segundo a líder Rosimeire Silva, suspender a estrada é parte de uma estratégia de pressão para que a Marinha siga com o projeto de erguer o muro. “Estão negociando, na verdade, nossas vidas. Porque a gente pediu para não ser feito um muro cercando nossa área de pesca, de onde a gente sobrevive. Através disso aí, o governo federal junto com o ministro da defesa e a Marinha estão fazendo uma chantagem”, conta.
Embora tenha sido reconhecida como área remanescente de quilombo pelo Incra em 2015, a comunidade, que ocupa pouco mais de um terço das terras então geridas pela Marinha, ainda não foi titulada. Ela está na verdade entre as cerca de 5 mil comunidades quilombolas brasileiras vivendo em situação de total insegurança fundiária.
Segundo matéria publicada no jornal baiano A Tarde, a regularização fundiária é fundamental para que o governo realize melhorias na comunidade que hoje não tem água encanada, energia elétrica ou saneamento básico. Ainda de acordo com o mesmo texto, a previsão é que a regularização aconteça em até seis meses, com base em informações da Secretaria da Presidência da República. No entanto, durante todo o governo Temer houve até agora apenas uma única titulação de terras quilombolas.