A intolerância com a religião do próximo por pouco não terminou em tragédia na Guilhermina, em Praia Grande, durante a noite de terça-feira. Indignado por ver o auxiliar de limpeza e vizinho Paulo Silva dos Santos, de 33 anos, acender velas na esquina de sua casa, um motoboy e pastor evangélico apagou tudo alegando que aquilo atrairia vibrações negativas. Depois de uma intensa discussão, o auxiliar de limpeza se armou com uma faca e tentou matar o motoboy.
Ferido no abdômen, a vítima permanece internada no Hospital Irmã Dulce, mas sem risco de morte. Preso dentro de casa, Paulo assumiu a autoria do crime e acabou indiciado em flagrante por tentativa de homicídio.
A confusão entre os dois aconteceu na Rua Venezuela, por volta das 22h30. Umbandista, Paulo foi até a esquina da rua e acendeu as velas para um trabalho religioso. Evangélico, o motoboy discordou e pediu para o auxiliar de limpeza desfazer aquilo. O pedido não foi atendido e teve início uma discussão.
Totalmente contrariado, o pastor se irritou e apagou as velas. Paulo não gostou da atitude e correu para dentro da moradia, onde se armou com uma faca. Ao retornar à rua, retomou a discussão com o pastor e lhe aplicou três facadas no abdômen.
Diante da briga, vizinhos acionaram uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que conduziu a vítima ao PS, enquanto o auxiliar de limpeza voltou para a sua residência e guardou a arma usada na tentativa de homicídio.
Faca limpa
Assim que o pastor deu entrada na unidade médica com os ferimentos, a Polícia Militar foi avisada e compareceu ao hospital e, posteriormente, ao local do crime. Os PMs ouviram a vítima e testemunhas, antes de conversar com o agressor. Indagado sobre as acusações, Paulo confirmou que havia esfaqueado a vítima após ela apagar as suas velas e dizer que chamaria uns amigos para acertar as contas com o agressor.
Questionado sobre a faca, Paulo apontou o objeto na cozinha e disse que tinha lavado logo após chegar em casa. Perante a situação e a confissão, os policiais apresentaram o agressor ao delegado Flavio Goda Magario, na Delegacia da Cidade. Depois do indiciamento, o motoboy foi recolhido à cadeia da Cidade, onde ficará à disposição da Justiça.
FONTE: A Tribuna em 13/04/2016