A Missão Ecumênica de apoio aos Guarani Kaiowá, no MS, começa com visita a uma ocupação urbana, em que predomina a etnia Terena. Há um ano os indígenas ocupam a área que fica na periferia da capital, Campo Grande.
As famílias – que vieram expulsas de suas terras – ao se estabelecerem no local, tinham a intenção de transformá-lo numa espécie de ocupação-manifesto pela causa indígena. Antes disso, os índios se encontravam dispersos em casas alugadas. Foi a partir de um processo de articulação que conseguiram se reunir em comunidade, hoje dirigida pelo Cacique Romualdo, que substitui a líder, cacique Val Elói.
“Na noite em que entramos aqui veio conosco uma criança com bronquite, que se salvou, o que nos fez dar o nome da ocupação, em português, de ‘Futuro da Criança’”, lembrou a cacique.
Segundo a cacique Val, a comunidade começou com 20 famílias e hoje é composta por 52, a lutar continuamente por condições mínimas de dignidade – conquistaram, por exemplo, água, mas não luz, e recebem cestas básicas da FUNAI de forma descontínua. A líder conta que seu irmão, o advogado e assessor do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Luis Elói, tem sofrido perseguição de ruralistas, sendo denunciado na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para que assim fique impedido de lutar juridicamente pelos direitos dessa e de outras comunidades.
Os índios também falaram um pouco de como tem sido a relação com suas tradições no contexto urbano. “Estamos na cidade, mas não esquecemos nossas raízes. Queremos melhorar nossas condições de vida e somos capazes de assumir postos de trabalho seja onde for. Estou faz oito anos trabalhando com informática e não esqueço minhas raízes”, comentou Claudemir Francisco Antônio, outro dos líderes fundadores da ocupação.