Caminhada em defesa da liberdade religiosa tem 7ª edição no Rio

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No último domingo (21), a 7ª Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa reuniu representantes e seguidores de diferentes doutrinas e religiões na orla de Copacabana, Rio de Janeiro. Debaixo de chuva, o público compartilhou suas experiências e mostrou que é possível o bom convívio.
 
A ação organizada pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) prega o respeito e tenta chamar atenção para a importância de se tratar com mais rigor atos de intolerância, avançando no combate ao ódio religioso. Além disso, o espaço promove a desconstrução de preconceitos: “[na caminhada] podemos ver e conhecer pessoas de outras religiões, ter um contato maior com as doutrinas e quebrar tabus”, afirmou a candomblecista Anne Caroline Detori, que participou pela primeira vez do ato.
 
O interlocutor da CCIR, babalawo Ivanir dos Santos, disse que o Brasil sempre foi intolerante com as religiões afro-brasileiras, o que considera uma contradição. “Cristo pregou o amor, não o ódio. É uma contradição, pois no fundo isso não tem a ver com o divino, mas com preconceito, ambição, racismo e ignorância”, analisou.
 
Rafael Soares, diretor executivo de KOINONIA, participou da caminhada representando a instituição. De acordo com ele, caminhar pela liberdade religiosa com a diversidade de religiões é afirmar que a intolerância não tem lugar. “A união das religiões pela liberdade e pelo Estado laico é uma saída para um futuro de paz, onde os conflitos de ódio e preconceito, como o religioso, sejam punidos”.
 
Há sete anos os seguidores de diferentes fés somam suas forças na caminhada do Rio de Janeiro. Por outro lado, o estado foi considerado, de acordo com dados divulgados pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos, como o segundo maior, no Brasil, em número de casos de intolerância religiosa, atrás apenas de São Paulo. Só em 2014, foram registradas 21 denúncias de ofensas à religião no Rio.
 
Entre estas denúncias está o caso do terreiro de Candomblé Kwe Cejá Gbé, localizado em Duque de Caxias, que em junho deste ano foi invadido e incendiado, ficando parcialmente destruído. O episódio chamou atenção do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs – regional Rio de Janeiro (Conic-Rio), que decidiu auxiliar na reconstrução de templos que tenham passado por algum tipo de ataque causado pelo ódio religioso. “É preciso enfrentar esta violência discursiva, simbólica e real”, afirmou a pastora Lusmarina Campos Garcia, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) e presidente do Conselho, que define a ação como “uma resposta que expressa outro tipo de compreensão por parte de evangélicos, que respeitam a diversidade religiosa e que buscam viver em harmonia com outros grupos de fé”. O projeto está em fase de elaboração e o Conic-Rio está em busca de parcerias nacional e internacionalmente.

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