Helena Costa
KOINONIA apoiou a realização da Consulta Teológica Nova visão de justiça das margens do novo mundo no século 21
e conversou com o Rev. Deenabandhu Manchala, secretário executivo do programa Comunidades Justas e Inclusivas.
Que razões levaram o Programa a escolher esse tema, “Uma nova visão de Justiça…”?
Rev. Manchala: O tema da justiça sempre foi um tema chave para as igrejas, mas percebemos a necessidade de refletir sobre ele a partir dos excluídos, a partir daqueles que sofrem injustiças. ‘Justiça’ como um conceito geral, abstrato tem um significado que certamente não é o mesmo que possui para aqueles que entendem justiça como um sinônimo de sobrevivência – como é o caso dos Dálits, na Índia. Além disso, as igrejas precisam rever o que se conseguiram construir até aqui em torno desse tema, o que realmente conseguimos modificar, consolidar, e o que ainda precisamos trabalhar. O que as igrejas aprenderam? Conseguiram transformar-se em comunidades verdadeiramente inclusivas? Num certo sentido, esse programa procura ir numa direção diferente, pois as igrejas sempre apontaram para fora, para os problemas e injustiças externos, mas precisamos também olhar para nossas próprias estruturas.
Sobre esse “novo mundo do século
Por causa dessa preocupação com “os que sofrem com a injustiça” a programação da consulta inclui a visita ao Degase,
Rev. Manchala: Sim, claro. Há duas maneiras de fazer teologia: uma delas é refletindo, analisando e produzindo intelectualmente, baseado em pesquisas e documentos. Mas há outra teologia, especialmente defendida pela teologia da libertação, que afirma que você não pode fazer teologia sem a experiência, o contato, sem vivenciar a realidade e estar frente a frente com ela.
Quais são as suas expectativas, o que espera produzir a partir da consulta?
Rev. Manchala: Há três grandes eventos que acontecerão nos próximos anos: a Comissão Plenária de Fé e Constituição, que acontecerá na Grécia, em 2009; Edimburgo
O Senhor acredita que para estar neste novo mundo do século XXI, será necessário um novo ecumenismo?
Rev. Manchala: Eu acho que o movimento ecumênico constantemente evoluindo. Porque no começo buscava-se a unidade das igrejas; depois a unidade da humanidade; e depois a unidade de toda a criação. Então esteve sempre evoluindo. O que se tem agora de importante é que a igrejas, especialmente as do sul, enfrentam realidades de pobreza, HIV, desemprego, fome, intensa luta pela vida. A partir daí deve se pensar que questões o movimento ecumênico poderia ou deveria abordar. As igrejas, e o movimento ecumênico, precisam mudar para se tornarem relevantes no atual contexto mundial. Porque este mundo novo do século 21 não é mais um mundo dualista, não é mais um mundo majoritariamente cristão, é um cenário novo. E o ecumenismo é, na verdade, uma alternativa a esse mundo globalizado.
Entrevista concedida a Helena Costa
1Dr. Glaucio Ary Dillon Soares, pesquisador do Iuperj na área de Sociologia, com ênfase em Criminologia e