Manoela Vianna
No mês do Dia Internacional da Mulher, criamos a “Série Mulheres”, um espaço para as falas das mulheres atendidas pelos nossos programas e aquelas que fazem KOINONIA acontecer. Encerramos a série com duas entrevistas: Ana Cleusa, multiplicadora do Programa Saúde e Direitos e Andréa Carvalho, bibliotecária e documentalista de KOINONIA. KOINONIA entrevista Ana Cleusa, multiplicadora do Programa Saúde e Direitos KOINONIA: Qual é a maior dificuldade no trabalho de multiplicador de saúde e direito? Ana Cleusa: É saber que você não conseguirá atingir a todos. É não conseguir atingir aqueles que já estão naquela situação. KOINONIA: Os homens e as mulheres que fazem parte das ações do Programa Saúde e Direitos são atingidos da mesma forma? Ana Cleusa: Os homens têm mais resistência, mas quando fomos na Casa de Mãe Helenice [ocasião da oficina de sensibilização] havia muitos homens. E eles perguntaram muito e se interessaram. Foi o curso que teve o maior número de homens. Havia mais de 30 pessoas nesse curso com idades entre 16 e 60 anos. KOINONIA: Qual é a sua impressão sobre as mulheres antes e depois de passarem pela capacitação em Saúde e Direitos? Ana Cleusa: As mulheres estão mais envolvidas, elas participam mais. Na sua maioria elas começam tímidas. Mas depois da capacitação elas passam a agir com mais naturalidade. As meninas jovens também precisam muito desse tipo de capacitação porque informação é tudo. É preciso conscientizar os jovens. Adolescente é inconseqüente, eles acham que nada vai acontecer com eles. Eles acham que é tudo conversa dos adultos. Os meninos levam a camisinha na carteira, mas as meninas ainda não. Informação dá direito à escolha.
KOINONIA entrevista Andréa Carvalho, bibliotecária e documentarista de KOINONIA
KOINONIA: Qual é a proporção de mulheres e homens que fazem parte do público atendido nas oficinas de Direito à Memória?
Andréa: Primeiro quero explicar como funciona a oficina de Direito à memória. Em 2005, tivemos a iniciativa de realizar uma atividade piloto de preservação da documentação nos Terreiros atendidos pela instituição, com objetivo de organizar e preservar a cultura e a história do Candomblé. Essas comunidades acondicionam em saletas documentos históricos, como atas e fotos, acervo que engloba obras gerais com ênfase na religião. A partir da disposição do calendário de cada casa organizamos um cronograma para realização das oficinas, um dado importante é que os participantes são selecionados para organizar o acervo de sua “casa”.
A proporção de mulheres participantes nas oficinas de Direito à memória é de 80% e 20% de homens, lembrando que o responsável de cada Terreiro é que escolhe o participante para fazer a oficina, a escolha não é por gênero e sim por interesse em preservar a documentação.
KOINONIA: Nas oficinas de Direito à Memória há diferença entre as atuações de homens e mulheres?
Andréa: Todos são aptos para organizar o acervo disponibilizado no Terreiro, independente da forma de processamento dos documentos tanto manual (através de fichas impressas) como digital (através do sistema de automação de bibliotecas).
KOINONIA: Entre as mulheres que fazem parte do público atendido pelas oficinas qual seria o papel delas na luta pela garantia de direitos?
Em todas as atividades desenvolvidas procuramos empregar o protagonismo das mulheres na luta pelos direitos, nos Terreiros de Candomblé isso é perceptível devido a função dessas mulheres na religião. Com relação à oficina de Direito à memória não é diferente, existe a necessidade de preservar o patrimônio documental de sua comunidade e de sua história.
Para finalizar acredito que o patrimônio organizado por essas mulheres e homens, deve ser plenamente preservado e protegido, com o devido respeito aos hábitos e práticas culturais.
- Série Mulheres – Mãe Helenice, do Ilê Axé Omim JObá
Publicado em: 19/3/2008 - Série Mulheres – Jussara Rêgo, do Programa Egbé
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