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História

Mandira - SP

O Quilombo de Mandira é uma comunidade rural cercada pela Mata Atlântica, situada na parte continental do município de Cananéia, no estado de São Paulo.

Lá vivem 24 famílias e mais de 80 pessoas distribuídas em três vilas.

A comunidade surgiu em 1868, quando o patriarca da família, Francisco Mandira, recebeu de sua meia- irmã, Celestina Benícia de Andrade, o documento do Sítio Mandira em forma de doação.

Francisco teve dois filhos, João Vicente Mandira e Antônio Vicente Mandira  que herdaram os 1200 alqueires  após sua morte.

Antônio Vicente ficou com o entorno do Salto de Mandira, mas com o passar do tempo sua família vendeu suas terras e, atualmente não há contato entre seus descendentes.

João Vicente, casou-se com Maria Augusta, com quem teve dez filhos, os quais geraram descendentes que formam hoje a comunidade quilombola de Mandira.

A variedade ambiental bastante preservada desta região requer cuidados e desperta atenção em âmbito naciional e internacional. Além da fauna e flora peculiares, ainda encontramos muitos sítios arqueológicos na paisagem cananeense.

Por força desses atrativos, sempre houve cobiça nessas terras, o que gerou uma série de litígios entre especuladores/ grileiros especialmente a partir dos anos 70.

Para Mandira, o fato se agravou por força de uma possível construção de um prolongamento da BR- 101. E, mesmo que esse projeto não tenha prosperado, atingiu os quilombolas porque muitos foram levados a vender suas terras para os novos empresários do litoral sul.

O turismo é hoje sua atividade econômica mais importante.

A  atividade produtiva tradicional da comunidade Mandira era a agricultura visando o consumo e a pequena comercialização.  Entretanto, face à drástica redução do território original, os mandarinos têm se concentrado, nas últimas 5 décadas na coleta de ostras, mariscos e caranguejos que é o seu  principal meio de autossustentação econômica.

Criaram a COOPEROSTRA, uma cooperativa de produção de ostras, cuja função é romper com os atravessadores do município.

As duas comemorações religiosas mais importantes de Mandira são a Festa de Santo Antônio e a Festas Unidos pela Cana.

Outra tradição cultural é o Fandango, expressão musical compartilhada pelas comunidades quilombolas da região.

Em 1995, foi criada a Associação dos Moradores da reserva Extrativista do Bairro Mandira (REMA).

As terras da Comunidade Remanescente de Quilombo de Mandira,  foram reconhecidas e certificadas pela Fundação Cultural Palmares em 16/09/2002.

O reconhecimento foi comemorado pelo quilombolas, que lutam até hoje, pela recuperação do seu  território ancestral.

As próximas etapas são a retirada de famílias não-quilombolas do território e a entrega da titulação, que é de uso coletivo. 

 

Referências:

ALVES, Aline Neves Rodrigues. Quilombo Mandira. Belo Horizonte: FAFICH, 2015. 16 p.

Relatório Técnico- Científico sobre os Remanescentes da Comunidade de Quilombo de Mandira/ Cananéia/ SP. Maria cecília Manzoli Turatti (antropóloga), 2002



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