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Pedras Negras - RO

História:

Pedras Negras é a “fênix-negra” do Guaporé rondoniense. Sua origem remonta ao período em que o Brasil era colônia de Portugal. No século XIX, já como nação independente, foi ocupada por um destacamento militar. De acordo com o médico João Severino da Fonseca (1835-1897) - que entre 1875/1890 esteve à disposição do Ministério dos Estrangeiros atuando como integrante da Comissão Demarcadora de Limites Brasil-Bolívia - a região de Pedras Negras era majoritariamente habitada pelos chamados negros guaporeanos. No século XX, essas famílias negras destacaram-se como trabalhadores na exploração extrativista em busca da borracha e poaia que ocorria as margens do rio Guaporé. Atualmente entre os meses de janeiro e abril, a comunidade de Pedras Negras ainda realiza a coleta da castanha. 

Entre as comunidades que habitam o Vale do Guaporé, a festa do Divino é a comemoração mais esperada do ano. Participam dos festejos comunidades quilombolas, ribeirinhas, indígenas e até mesmo vilarejos bolivianos que ocupam a marquem esquerda do rio. A comunidade de Pedras Negras faz parte da romaria. Seus integrantes atuam como foliões (cantadores) e remeiros dos barcos do Divino. Entre as comunidades do Vale do Guaporé o Divino Espírito Santo é entendido como o mais poderoso e enérgicos dos santos, abaixo apenas de Deus. Para o Divino, bancam as promessas que devem ser pagas no período da festa, que vai de maio até julho. 

A comunidade de Pedras Negras está localizada entre os municípios de São Francisco do Guaporé (RO) e Alta Floresta do Oeste (RO). O acesso até ela é apenas fluvial. Atualmente, vivem em Pedras Negras 26 famílias, totalizando cerca de 150 pessoas. 

Em agosto de 2005, a comunidade de Pedras Negras foi certificada pela Fundação Cultural Palmares como remanescente de quilombo e desde então luta através do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) pela titulação do território que ocupam há várias gerações. 

Origem do nome:

Processo:
  - Certificada

Município / Localização: Alta Floresta do Oeste

Estágio no processo e regularização territorial: Processo INCRA: 54300.000745/2005-36 - RTID

Referência:

CRUZ, Tereza Almeida. Mulheres da floresta do Vale do Guaporé e suas interações com o meio ambiente. Revista Estudos Feministas, v. 18, n. 3, p. 913-925, 2010.

SANTIAGO, Joely Coelho; DOS SANTOS PINTO, Auxiliadora. A PRESENÇA DE BANTUÍSMOS NA FALA DE MULHERES NEGRAS DA COMUNIDADE REMANESCENTE DE QUILOMBOLAS DE PEDRAS NEGRAS, NO VALE DO GUAPORÉ/RO: UM ESTUDO SEMÂNTICO-LEXICAL. Revista de Estudos de Literatura, Cultura e Alteridade-Igarapé, v. 5, n. 1, 2017.

TEIXEIRA, Marco Antônio Domingues; FONSECA, Dante Ribeiro. Histórico das Comunidades de Remanescentes de Quilombo de Pedras Negras, Santa Fé, Forte Príncipe da Beira–Vale do Guaporé–Rondônia. Vol. 2, N 1. Revista Eletrônica Afros e Amazônicos, v. 2, p. 1-30, 2010.

TEIXEIRA, Marco Antônio Domingues; XAVIER, Delson Fernando Barcelos. Santo Antônio do Guaporé: Direitos humanos, conflitos e resistência socioambiental. Revista Direito e Práxis, v. 9, n. 1, p. 351-371, 2018. 

VARGAS, Aristokles Pantoja et al. ANÁLISE FONÉTICO-FONOLÓGICA DE HINOS DA FESTA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO ENTOADOS POR DESCENDENTES DE QUILOMBOLAS DO VALE DO GUAPORÉ RESIDENTES EM GUAJARÁ-MIRIM/RONDÔNIA. Revista Eletrônica Veredas Amazônicas, v. 3, n. 1, 2014.

Redação: LIMA, Uilian Nogueira. Quilombo Pedras Negras (RO). In: Atlas Observatório Quilombola. Observatório Quilombola. KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço, 2020.

Pesquisas: FONTE: Fundação Cultural Palmares

Mais informações: Certidão expedida pela Fundação Cultural Palmares. Data de publicação no D.O.U.: 19/08/2005 - Processo FCP: 01420.001295/2005-76

Verbete atualizado em 17/11/2022


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