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Conceição do Imbé - RJ

História:

A comunidade de Conceição do Imbé está localizada em uma fazenda tornou-se usina de cana. Os quilombolas são descendentes dos trabalhadores da fazenda e posteriormente de funcionários da usina. Os casamentos ocorreram entre pessoas da mesma localidade,ou de grupos vizinhos como Aleluia, Batatal e Cambucá. hoje todas reconhecidas como comunidades remanescentes de quilombo. Uma das matriarcas da comunidade: Dona Elzi Rocha – 77 anos – Conceição do Imbé - 12 filhos – 40 netos – 29 bisnetos, pai nascido em 1910, mãe nascida em 1920 em Laranjeiras, lugar próximo as comunidades quilombolas mas que hoje, não é mais habitado por negros. Dona Elzi conta que a localidade era majoritariamente negra: “...lá as pessoas tinham roça, todo mundo vivia da terra, do que plantava... ” Segundo ela, a família Pinto proprietária de várias terras em Campos chegou na localidade expulsando as pessoas alegando ser dona do território. Assim as famílias foram deixando o local e apenas seu avô resistiu. Hoje a área ainda é da família de Dona Elzi, que conseguiu regularizá-la com uma ação de usucapião, mas não há mais residentes. Segundo narrativa da comunidade, até 5 anos atrás ainda existia o casarão seda da antiga fazenda, que ficava em frente ao campo de futebol, num lugar central na comunidade. Ele foi utilizado como moradia por quilombolas, mas devido a falta de segurança deixaram de morar nele a uns 10 anos. Algumas pessoas da comunidade desmontaram casa grande, retirando suas madeiras para reaproveitar. Segundo Dona Elzi: “A população ficou parada olhando, com dó, mas ninguém fez nada.” Na frente do casarão existia um pelourinho que foi derrubado pelo último usineiro, há uns 60 anos atrás.

Origem do nome: A padroeira Nossa Senhora da Conceição explica o nome da comunidade. A imagem da santa que era cultuada na igreja local foi levada pela dona da antiga usina que funcionava no local. Outra imagem foi colocada no lugar sem as jóias e adereços. Os quilombolas atribuem a este fato a falta de participação do povo nas festas católicas locais.

Processo:
  - Certificada

Período aproximado de formação: Inicialmente havia uma fazenda de cana que foi desapropriada em 1989. A partir daí o território começou a ser administrado pela família Rocha.

Município / Localização: Campos dos Goytacazes

Número de famílias: 180

Estágio no processo e regularização territorial: Certificada pela Fundação Palmares em 2005, A comunidade tem um processo aberto para regularização territorial desde 2004 junto ao INCRA, entretanto não houve andamento.

Condições sociais: A comunidade vem debatendo sobre seus possíveis direitos quanto quilombolas desde 2007, mas ainda existem muitas dúvidas. Nenhuma política pública para quilombolas atende a comunidade. Não há incentivo para agricultura, por exemplo.. Para a comunidade, a prefeitura local não diferencia as comunidades quilombolas e as outras, negando as ações prioritárias incentivadas pelo governo federal. A situação da terra é de títulos individuais e a maioria das pessoas já quitou a divida com o Incra oriunda do assentamento. Ainda existe uma área comunitária que está sendo fragmentada aos poucos. A ideia do presidente da associação é mantê-la para produção agrícola. Existe uma escola local até ensino fundamental 1, depois disso os estudantes precisam ir para Campos utilizando transporte público. Há uma creche local com funcionários da comunidade. O serviço de saúde é considerado pelo melhor serviço público da região, Todos os funcionários do posto de saúde são da comunidade, menos o médico. Há uma ambulância e odontologia que atende a todos da comunidade. O posto também outras comunidades. Não há rede de gosto e o abastecimento de água é via poço.

Condições econômicas: Breve descrição da condição econômica: Apenas cerca de 35 famílias trabalham com agricultura. A maioria das áreas são usadas para pasto. Por outro lado algumas pessoas tem DAP (Declaração de Aptidão ao Pronaf) e tem vendido as pequenas produções. Há também uma criação de aves. Está em discussão na comunidade o processo de construção de casas pelo Minha Casa Minha Vida. Há uma demanda total de 120 casas. A maioria dos homens da comunidade trabalha na construção civil e mulheres como domésticas.

Redação: Ana Gualberto

Pesquisas: Ana Gualberto e Suélen Benevides da Rocha (Conceição do Imbé)

Verbete atualizado em 30/05/2023


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