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Coitinho - MT

História:

A comunidade quilombola Coitinho está localizada na zona rural no município de Poconé-MT, a 82 Km da cidade. No quilombo Coitinho existem 47 pessoas residentes, desde crianças, adultos e idosos. Os mais velhos cumprem um papel fundamental na comunidade de transmissores dos saberes, incluindo as práticas de curas e benzeções, e a produções de alimentos para serem consumidos e comercializados, fortalecendo, desse modo, a identidade do grupo.

A formação da comunidade quilombola Coitinho ocorreu a partir do movimento de pessoas  que vieram de outras comunidades, durante e após a repartição das terras que pertenciam ao governo na região, as chamadas áreas devolutas. Os relatos do Sr. Benedito Firmino, revelam que no período da repartição a terra foi negada aos moradores, a maiores áreas ficaram para os fazendeiros. Dados do relatório do INCRA apontam que a comunidade rural se formou há mais de 80 anos. Porém, a presença de um sítio arqueológico na comunidade revela possibilidades de ocupação anterior, pois existem resquícios de materiais de construção em pedras e tijolos, como também, pedaços de construção de um muro ou “taipa” – chamado pelos moradores, quando se referem às paredes construídas de “canga” e “barro”. 

No tocante ao patrimônio cultural da comunidade, destaca-se o sítio arqueológico da Igreja Nossa Senhora de Santana, hoje em ruínas – símbolo de resistência de um passado e que resguarda significados para as populações que moram na comunidade. Outro patrimônio significativo é o cemitério que, igualmente, se localiza nas terras de um fazendeiro. As festas de santo ocorrem anualmente, e são tradicionais no quilombo Coitinho. Tais festividades são repassadas de pais para filhos, pois quando os pais vêm a óbito os filhos continuam a realizá-las.

A comunidade quilombola Coitinho evidencia aspectos das lutas do cotidiano pela posse de terra, do desenvolvimento da economia local, como a produção artesanal de alimentos para consumo e comercialização, da educação, dos saberes passados de geração a geração e das manifestações culturais como: festas, danças, músicas e culinária, presentes nas festas tradicionais de santo. As festividades quilombolas são fundamentais para a coesão e afirmação identitária do grupo, além disso, são formas de resistência quilombola na luta pelos seus direitos.

Em 2005, a comunidade Coitinho recebeu da Fundação Cultural Palmares o certificado de comunidade remanescente de quilombo. Desde então, a comunidade iniciou o processo de titulação de seu território no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).

Origem do nome:

Processo:
  - Certificada

Município / Localização: Poconé

Referência:

INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). “Relatório de atividades, levantamento de dados e informações sobre as Comunidades Quilombolas do Município de Poconé- MT.” Cuiabá, 16 a 29 de maio de 2017.

ROCHA. Edisera. Memória Social e Patrimônio Cultural das Comunidades Quilombolas “Coitinho” e “São Benedito” (Poconé-MT). Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao departamento de História da Universidade do Estado de Mato Grosso, Cáceres, 2018.

Redação: ROCHA, Edisera. Quilombo de Coitinho (MT). IN: Atlas do Observatório Quilombola. Observatório Quilombola. KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço, 28 de agosto de 2020.

Pesquisas: Edisera Rocha é quilombola da comunidade Coitinho. De acordo com a autora: Abordar sobre a minha comunidade de origem e toda riqueza cultural que nela existe é importante para que seja reconhecida e ganhe maior visibilidade. Quanto à minha formação, sou graduada em História pela UNEMAT e especialista em ensino de História pela Faveni (EAD). Em 2018, defendi pela UNEMAT a monografia Memória Social e Patrimônio Cultural das Comunidades Quilombolas “Coitinho” e “São Benedito” (Poconé-MT), sob a orientação da professora Manuela Areias.

Verbete atualizado em 12/07/2023


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