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Calolé, Imbiara e Tombo - BA

História:

A comunidade quilombola Calolé está localizada na zona rural do município de Cachoeira (BA) e faz parte dos quilombos da Bacia e Vale do Iguape.

Devido ao seu relevo, ela é dividida pelos moradores em dois subgrupos: o Alto do Calolé e Calolé. Do Alto do Calolé avistamos o Calolé, que encontra-se mais próximo ao mar. De acordo com pesquisa realizada por Ademildes Silva Reis em 2017, 70 famílias moram na região conhecida como Alto do Calolé e 100 famílias na região do Calolé. No Alto do Calolé 20% se declaram evangélicos e 80% católicos. No Calolé a porcentagem é de 50% católicos e 50% evangélicos. 

Segundo informações dos moradores mais antigos do quilombo do Calolé, as primeiras famílias que ocuparam a região do Alto do Calolé foram: Neris, Ferreira, Souza e Santana. A família Santana é descendente de africanos e a família Neris é descendente de indígena, o que mostra o multiculturalismo dentro do quilombo. Já na região do Calolé, a parte próxima ao mar, as primeiras famílias que ocuparam o território foram Hermogenes, Gusmão, Santos, Santana, Pacifico e Emetério. Essa região mais baixa pertencia a Osvaldo Luz e era composta pelas fazendas da Opalma e Grande. 

Em relação as manifestações culturais do quilombo do Calolé, destacavam-se o quebra-pote, pau-de-sebo, corrida de ovo e a esmola cantada, que era uma prática utilizada para arrecadar fundos para festividades religiosas. Entretanto, essas manifestações não ocorrem na atualidade. O Dia de Reis (06 de janeiro) e rezas para São Cosme e Damião (27 de setembro) também eram celebrados, porém com o avanço do cristianismo na região, esses festejos não acontecem mais. 

A agricultura familiar é a principal fonte de renda do quilombo do Calolé. A comunidade cultiva mandioca, aipim, mangalo, feijão de corda, abóbora, batata, feijão, milho, quiabo, jenipapo, cajá, jaca, banana e hortaliças. Os quilombolas também realizam atividade de pesca e trabalham no extrativismo de ostra, sururu, siri e caranguejo. Todos esses produtos, além de serem consumidos pela própria comunidade, são comercializados no município de Cachoeira e na Feira de São Joaquim, localizada em Salvador (BA). 

Sobre a organização social, a associação de moradores foi fundada em 1991. Em 2004, a comunidade do Calolé foi certificada pela Fundação Cultural Palmares junto dos quilombo de Imbiara e Tombo, que também estão localizados no município de Cachoeira (BA). Em 2005 foi instalada na comunidade do Calolé a rede de energia elétrica e o sistema de abastecimento de água. 

O quilombo do Calolé integra o conselho deliberativo da Bacia e Vale do Iguape, cujo objetivo é o diálogo com o poder público e privado, que visa políticas públicas e projetos para os quilombos da região. 

Em 2010, ao lado dos quilombos de Imbiara e Tombo, o quilombo do Calolé deu entrada no processo administrativo pela titulação do território no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), através do processo 54160.001064/2010-02. 

 

Origem do nome:

Processo:
  - Certificada

Município / Localização: Cachoeira

Referência:

REIS, Ademildes Silva dos. Diagnóstico da Comunidade. Humana Brasil para o Povo. 2017

Redação: OLIVEIRA, Elianeide de Jesus. Quilombo do Caolé (BA). IN: Atlas do Observatório Quilombola. Observatório Quilombola. KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço. 29 de setembro, 2020.

Pesquisas: Elianeide de Jesus Oliveira tem graduação em Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), também possui graduação Sanduiche UFBA- Coimbra em Letras Vernáculas. Atualmente é mestranda do Programa de Pós-Graduação em Arqueologia e Patrimônio Cultural (PPGap) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).

Verbete atualizado em 04/03/2021


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