Programa Saúde & Direitos realiza intercâmbio com Guiné-Bissau

Carolina Maciel

 

O Programa Saúde e Direitos de KOINONIA recebeu, em São Paulo, o Ativista dos Direitos Humanos e Presidente do FACOLSIDA de Guiné-Bissau, Bacar Queta; e a representante da RENAP+ (Rede Nacional de Associações de Pessoas Viventes com HIV/AIDS), Fátima Machado.
O intercâmbio ocorreu no período de 02 a 17 de novembro deste ano, e teve por finalidade buscar treinamentos em relação a cuidados com pessoas soropositivas, prevenção vertical e ativismo em Direitos Humanos.
Guiné-Bissau apresenta uma epidemia de HIV generalizada, com um índice global de prevalência de 2,6% e de 4,3% para a faixa etária de 15 a 24 anos. O grupo representado por esta faixa etária suscita preocupações particulares, dado que apenas 13% dos jovens de 15 a 24 anos foram capazes de identificar corretamente as maneiras de prevenir a transmissão sexual do HIV e de rejeitar as principais idéias errôneas a respeito da transmissão do vírus. Uma demonstração dessa problemática está no âmbito da educação. Não se sabe de nenhuma escola que tenha oferecido instrução sobre o HIV com base em aptidões para a vida orientadas para uma idade específica, durante o último ano letivo (UNGASS 2010).
 
Todavia, existem algumas iniciativas governamentais. Como por exemplo, a formação de um grupo de trabalho nacional, organizado com a presença de participantes envolvidos na elaboração do plano (2007) e representantes de ONGs nacionais e organizações da sociedade civil (organizações juvenis e de inspiração religiosa), com vista à validação técnica e social do Plano Estratégico Nacional de Políticas Relativas ao HIV e à AIDS para o Setor da Educação. Graças ao contínuo apoio técnico e financeiro prestado pela iniciativa de Cooperação Sul-Sul, os documentos do plano estratégico e da política foram finalizados em fins de 2010 e aguardam atualmente a validação/efetivação política do Governo.
 
Os relatos de Fátima Machado (RENAP+) trouxeram-nos muita inquietação e angústia, principalmente no que se refere ao tratamento das pessoas que vivem com HIV. A alimentação ainda é uma das principais dificuldades para as pessoas que se encontram em tratamento, além da informação equivocada e os mitos que ainda estão presentes no imaginário de alguns grupos. Mais uma vez, notamos o quanto as comunidades religiosas podem apoiar e auxiliar no processo de adesão ao tratamento.
 
Durante a visita, realizamos visitas ao Hospital Dia, ao Projeto Disque AIDS e organizamos uma roda de diálogos entre o grupo visitante e pessoas que vivem com HIV, sobre tratamento e a aceitação na sociedade. Um espaço de aprendizado mútuo.
 
Para KOINONIA, este intercâmbio fortalece e demonstra a importância em dialogar com as religiões sobre o HIV/AIDS, amplia as aproximações e partilha de trabalhos e experiências no espaço Sul-Sul e abre oportunidades de uma visita de nossa organização ao continente africano, numa promoção de cursos intensivos na interface de Saúde e Direitos.
 
 
Com informações Ester Lisboa, assessora de KOINONIA e coordenadora do Programa Saúde e Direitos e Daniel Souza, colaborador do Programa Saúde & Direitos
 
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