O encontro aconteceu na Ocupação Conselheiro Nébias em maio e faz parte de uma programação de ações realizadas por KOINONIA através de parceria firmada, via edital de seleção, com a Coordenadoria de IST/AIDS da Cidade de São Paulo.
Por Magno Luiz com revisão de Natasha Arsenio
Fomentar a discussão, informação e prevenção sobre HIV/Aids e ISTs em ocupações centrais de São Paulo é o objetivo central do projeto Prevenção na Ocupação, que teve sua segunda oficina realizada em maio por KOINONIA na Ocupação Conselheiro Nébias.
Na ocasião, os participantes, que são moradores do prédio, foram convidados a refletir sobre como é construída historicamente a identidade do homem e da mulher e como essa construção acaba por ser atravessada por questões culturais, sociais, políticas e econômicas.
O pontapé do diálogo foi a pergunta “por que querer ser homem?”, que surgiu a partir de uma afirmação feita por Jaíra, liderança da Ocupação Conselheiro Nébias, na atividade inaugural do projeto, em abril.
Ao ser questionada sobre o porquê d’ela desejar ser homem, a líder afirmou que isso significaria “ter apoio de toda a sociedade, além de ter tudo permitido” – coisas que segundo ela, por ser mulher, não vivencia.
Ao darmos foco sobre tal afirmação, foi possível construir uma percepção coletiva sobre quem é que define o papel do homem e da mulher, quem define quem é homem e quem é mulher e quais os impactos dessas definições na construção de uma sociedade pautada na equidade e na fraternidade.
Abigail, mulher trans, lançou uma reflexão sob a perspectiva de sua própria vivência. “É importante que a gente respeite toda a multiplicidade de identidades existentes. Nossos corpos são livres, embora para quem tem dinheiro é mais fácil viver essa liberdade”.
Também a partir da reflexão sobre os papeis de cada gênero em nossa sociedade, Jaíra pontuou que se vê como uma guerreira, afinal, criou seus filhos e netos sem precisar de ajuda de homem e enfrentando os diversos obstáculos inerentes à jornada de mulheres que chefiam a própria família num papel solo.
Mesmo frente a todos os padrões identificados, a atividade resultou também na compreensão de que existem muitas maneiras de levarmos tais papeis. E para dar o tom a este momento, tivemos a música “Povoada”, de Sued Nunes, que lembrou a todos que não andamos só – e que isso faz toda diferença na trilha da vida. “Nessa terra, nesse chão de meu Deus sou uma, mas não sou só”.
Sobre o Prevenção na Ocupação
O projeto Prevenção na Ocupação objetiva promover uma abordagem integral e inclusiva sobre saúde sexual e reprodutiva e o enfrentamento das vulnerabilidades enfrentadas por comunidades como as que estão vivendo em situação de ocupação. A iniciativa se enquadra nas ações do eixo temático Direitos de gênero, sexuais e reprodutivos.
+ Saiba mais sobre a primeira oficina da iniciativa: https://bit.ly/3yutPCK
+ Conheça o trabalho da Coordenadoria de IST/AIDS da Cidade de São Paulo clicando aqui.