Projeto Territórios Negros Livres e Preservados

Um chamado a reflexão sobre o Racismo Ambiental e um pedido de socorro das comunidades tradicionais

A Articulação de Mulheres Negras do Baixo Sul e KOINONIA, realizaram em parceria com a Fondo de Acción Urgente de América Latina y el Caribe FAU o projeto “TERRITÓRIOS NEGROS Livres e Preservados”. Nesta data de grande importância e reflexão profunda sobre o racismo ambiental, suas implicações nas comunidades tradicionais e urbanas e os seus impactos na vida dos seres humanos hoje 05 de junho DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE, torna-se um marco simbólico para a finalização deste projeto.

Um processo de reflexões críticas que culmina em um despertar da necessidade de agir com de maneira decisiva contra os problemas ambientais que afligem as nossas vidas e o nosso planeta. A humanidade, infelizmente, tem sido a principal causadora dos efeitos nocivos sofridos pelo ambiente – desde a poluição desenfreada até a alarmante perda de biodiversidade. AINDA HÁ ESPERANÇA! E é uma responsabilidade de todas as pessoas adotarem medidas urgentes e eficazes para proteção da Terra, lutar pela garantia de que os as sequelas geradas pela humanidade possam ser reversíveis.

Em nossa importante jornada de trocas, aprendizados e fortalecimento de laços, pudemos compreender juntas importantes conceitos como:

O que é Racismo Ambiental?

O racismo ambiental, conceito cunhado pelo líder afro-americano de direitos civis Benjamin Franklin Chavis Jr., é a discriminação racial deliberada na exposição de comunidades étnicas e minoritárias a resíduos tóxicos e perigosos, além da exclusão sistemática dessas minorias na formulação, aplicação e remediação de políticas ambientais. Este tipo de racismo é uma das faces mais cruéis do racismo estrutural, manifestando-se através da falta de saneamento básico, áreas verdes, e condições habitacionais dignas nas comunidades vulnerabilizadas.

Impactos nas Comunidades

Nas favelas e comunidades tradicionais, como quilombos e aldeias indígenas, os impactos do racismo ambiental são devastadores. A especulação imobiliária tem ceifado a vida de lideranças, o medo e a violência fazem parte da rotina das comunidades. As moradias em áreas de risco, como encostas e margens de rios, expõem os moradores a inundações e deslizamentos. A ausência de serviços básicos, como água potável e saneamento, compromete a saúde e o bem-estar dessas populações, predominantemente negras.

Iniciativas do Projeto

Além de oficinas sobre Racismo Ambiental em diversas localidades do Baixo Sul, desenvolvemos diálogos comunitários. Em comunidades como Mariana, Assentamento Dandara dos Palmares, Pedra Rasa, Tapuia tivemos a oportunidade ímpar de construir espaços de tocas de conhecimentos, reflexões e despertar pensamentos críticos sobre os impactos do racismo ambiental nas vidas das mulheres dessas comunidades. A metodologia desenvolvida pela equipe responsável com a exibição do vídeo “Racismo Ambiental: um olhar a partir do quilombo do Quingoma” certamente tornou-se um grande diferencial na promoção de discussões sobre exemplos locais de racismo ambiental, estratégias de resistência além de avanços no ideal de busca pelo BEM VIVER PARA AS COMUNIDADADES TRADICIONAIS.

Depoimentos e Reflexões

Ana Celsa, colaboradora de KOINONIA e coordenadora da atividade, destacou a importância do trabalho de base e da conscientização sobre como os corpos, territórios e modos de vida das comunidades negras têm sido violentados ao longo dos séculos. Ela reforça que a mobilização e o empoderamento são essenciais para transformar essa realidade.

Conclusão e Chamado à Ação

O racismo ambiental não é apenas tornou-se um problema que atinge o mundo, é um caos global, como demonstrado nas discussões da COP27. A criação do fundo para perdas e danos, embora seja um avanço, ainda necessita de ações concretas para que os recursos cheguem efetivamente às comunidades mais afetadas.

“Não existe justiça climática sem enfrentamento ao racismo”, afirmou Douglas Belchior uma das lideranças da COALIZÃO NEGRA POR DIREITOS ao entregar uma carta ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, pedindo a priorização da pauta do racismo ambiental no Brasil.

A sociedade já reconhece que a crise climática afeta a vida de todas as pessoas, mas é fundamental aprofundar nossa compreensão sobre como ela atinge de forma racista comunidades, quilombos, favelas, periferias e comunidades tradicionais. Como parte da luta contínua, A ARTICULAÇÃO DE MULHERES NEGRAS DO BAIXO SUL e KOINONIA reafirma seu compromisso com a preservação e proteção dos TERRITÓRIOS NEGROS, LIVRES E PRESERVADOS, e convidam todas as pessoas a se unirem nessa causa no enfrentamento as iniquidades e combate as injustiças ambiental e racial.

Fontes:

Geledés, Folha de São Paulo, Desinformante