Nota de solidariedade

Apoio e mobilização da sociedade civil à liderança e comunidades quilombolas do sul da Bahia
Por Josy Azeviche

É com grande indignação que KOINONIA recebe o relato da ativista do movimento de mulheres negras, uma liderança quilombola, que vem sofrendo ameaças e violências em sua comunidade, remanescente de quilombo no Baixo Sul da Bahia. A luta por reconhecimento e respeito aos corpos, direitos, territórios e modos de vida das comunidades quilombolas se trata de uma peleja histórica repleta de violações dos direitos humanos. Banhada em sangue, lágrimas de dor e muito sofrimento promovidos pelo grande descaso com a vida das pessoas empobrecidas por um sistema que é retroalimentado pelo racismo estrutural e todas as conveniências lucrativas que envolvam a exploração da terra e a especulação imobiliária em nosso país.

Desde o reconhecimento da comunidade do Barroso como território remanescente de quilombo, os atos de violência têm se intensificado, culminando em atos covardes como o assassinato do líder comunitário Sr. Antônio em 2021. A falta de proteção policial e o compromisso efetivo das autoridades com a vida da população negra alimentam a coragem dos agressores pela certeza da impunidade e têm exposto a comunidade a um ambiente hostil, regido pelo medo e insegurança constante.

A situação se agravou ainda mais com os recentes atentados e ameaças, situações que envolveram cárcere privado, espancamentos e até incêndio a imóveis, contra a família de uma das lideranças comunitárias que terá o seu nome resguardado pelo receio de novas represálias. O cerco de violência e intimidação contra essa comunidade é inaceitável e clama por ações imediatas das autoridades competentes.

É fundamental que os órgãos governamentais responsáveis pela proteção dos direitos humanos, pela proteção da vida ajam com compromisso, efetividade e, sobretudo com urgência para garantir a segurança e integridade física dessas pessoas. Exigimos ações concretas para a proteção das lideranças e moradores das comunidades quilombolas do Baixo Sul da Bahia, bem como a investigação e punição dos responsáveis por esses atos de violência.

Neste momento de dor e grande angústia, expressamos nossa solidariedade e apoio irrestrito à comunidade quilombola do Barroso e a todas as comunidades quilombolas que lutam diariamente pelo direito a vida e sobrevivência. Seguimos em busca de fortalecimento e realizamos esse chamado coletivo para fortalecer a denúncia, combater o racismo, a violência e a intolerância que ameaçam a integridade física, a saúde mental e finalmente a vida das pessoas moradoras dessas comunidades.

“Não deixe o meu legado morrer” disse o senhor Antônio em seus últimos suspiros… É hora de agir, de defender a vida, NÃO QUEREMOS MAIS MÁRTIRES, QUEREMOS SOBREVIVER!

ASSINAM ESSA NOTA:

  1. Koinonia Presença Ecumênica e Serviço
  2. Articulação de Mulheres Negras do Baixo Sul
  3. Coalizão Negra por Direitos
  4. Fórum Nacional Marielles
  5. Coletivo mulher por mulher
  6. Movimento de Mulheres do Subúrbio Ginga – MMSG
  7. Casa de Acolhimento Marielle Franco Brasil
  8. Centro de Promoçãod a Cidadania e Defesa dos Direitos Humanos Pe. Josimo
  9. Elo Nacional de Mulheres Em Rede
  10. Rede de Mulheres Negras da Bahia
  11. Coletiva de Mulheres Negras Abayomi
  12. Associação Cultural e Carnavalesca Afoxé Kambalagwanze
  13. Fórum Popular de Mulheres feministas de Rondônia
  14. Centro Cultural Mamulengo
  15. Instituto Búzios
  16. Coletiva de Mulheres Negra Creuza Oliveira
  17. Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil
  18. FAOR Fórum da Amazônia Oriental
  19. Maracatu Baque Mulher Salvador
  20. Marcha das Mulheres Negras de SP
  21. Odara Instituto da Mulher Negra
  22. Tamo Juntas Assessoria Multidisciplinar Gratuita para Mulheres em Situação de Violência
  23. CESE- Coordenadoria Ecumênica de Serviço
  24. Mulheres Negras da Bahia
  25. Fórum Ecumênico e Inter-religioso do RS
  26. Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas- Ibase
  27. Coletivo O Melhor de Cada Uma
  28. Diaconia
  29. União de Mulheres de Vitória da Conquista
  30. Associação Papo de Mulher
  31. IDEAS Assessoria Popular
  32. Fundação Luterana de Diaconia
  33. Associação de Mulheres Evangélicas pela Igualdade de Gênero
  34. Mulheres Unidas Com o Brasil
  35. AJÊ Assessoria Jurídica Étnico Racial
  36. Mulheres de Àse do Brasil, Unidade RS
  37. Ilé Àṣẹ Àlákètú Odara Enìkedjí
  38. Coletivo Sùrùrú
  39. Associação Papo de Mulher
  40. Coletivo de Mulheres do Calafate
  41. Articulação de Mulheres do Brasil BA
  42. Rede Nacional de Mulheres Negras no Combate à Violência
  43. Coordenação Nacional de Quilombos – CONAQ