XI EDIÇÃO FEIRA AGROECOLÓGICA DE MULHERES NEGRAS BAIXO SUL

Por Josy Azeviche

Novembro, mês que propõe um debate sobre a violência e as desigualdades sofridas pela população negra pós abolição da escravatura em nosso país, mês em que celebramos o Dia da Consciência Negra e mês que acolhe a realização da Feira Agroecológica de Mulheres Negras do Baixo Sul no Combate a Violência. Realizada em Camumu, situada no sul da Bahia, na Costa do Dendê à margem do rio Acaraí em meio a uma área de manguezal, referência e porto de embarque para as ilhas e praias da Baía de Camamu. Uma das mais antigas cidades brasileiras e assim como Salvador, possui cidade alta, onde estão antigas igrejas e casas coloniais e cidade baixa que abriga porto e comércios. A cidade concentra dezenas de comunidades quilombolas, nas quais as mulheres produzem alimentos, artesanatos, frutas, legumes dentre outros produtos.

RESISTÊNCIA

Realizada anualmente, a feira nasce com o objetivo de possibilitar às mulheres da região uma fonte de renda, soberania alimentar e, consequentemente, combater a violência de gênero, racismo, machismo, homofobia e intolerância religiosa a qual diversas mulheres estão expostas. A feira se constitui como um espaço de resistência e preservação da ancestralidade passada para as novas gerações através da dança e outras manifestações culturais.

ESPAÇO DE LUTA

Em sua XI edição o poder das lutas coletivas inspiradas nas estratégias ancestrais do povo negro segue sendo fortalecido, a construção da feira ultrapassa os limites das relações comerciais, possibilita organizar um espaço de luta coletiva que fortalece laços afetivos, acolhimento e resistência e pautas como diversidade, representatividade, soberania alimentar, autonomia, emancipação, dentre tantas outras e se torna uma referência para o Baixo Sul, recebendo inclusive visitação de grupos estudantes locais.

A feira é também um espaço de soberania alimentar, um conceito que tem a ver com cultura, hábitos alimentares, sistemas locais, respeito ao meio ambiente, etc. Mas, principalmente a produção de alimentos saudáveis e variados, com qualidade e quantidade necessárias e suficientes, através de sistemas diversificados de produção. Todos os itens alimentícios, assim como artesanato e demais produtos são produzidos e comercializados pela própria população de mulheres dos quilombos. Elas fabricam e vendem a um preço acessível para que todos possam consumir. A Feira se torna um símbolo de fortalecimento e resistência não apenas para as mulheres das comunidades participante, mas para toda a região do Baixo Sul.

Fontes:

Camamu.net

MST.org