Articulação de Mulheres Negras do Baixo Sul da Bahia realiza 10ª Feira Agroecológica de Mulheres contra violência

Evento foi realizado no dia 03 de dezembro e contou com a presença de mulheres quilombolas, que comercializaram suas produções e se manifestaram contra violência de gênero.

Coordenadora de Koinonia, Ana Gualberto fala sobre violência de gênero durante a feira Foto: Luciana Faustine

Na última sexta-feira (03) KOINONIA apoiou a realização da 10ª edição da Feira Agroecológica das Mulheres Negras do Baixo Sul da Bahia Contra a Violência. Promovida pela Articulação de Mulheres Negras do Baixo Sul da Bahia, o evento ocorreu no centro da cidade de Camamu, região do Baixo Sul da Bahia, e contou com a participação de mulheres pertencentes às comunidades quilombolas da região.

A cidade concentra dezenas de comunidades quilombolas, nas quais as mulheres produzem alimentos, artesanatos, frutas, legumes dentre outros produtos. A feira, realizada anualmente, nasceu com o objetivo de possibilitar às mulheres uma fonte de renda, soberania alimentar e, consequentemente, combater a violência de gênero a qual diversas mulheres estão expostas.

Legumes e verduras orgânicos são o ponto forte da feira, todos os itens são oriundos das plantações das mulheres Foto: Luciana Faustine

Além da venda dos produtos, o espaço do evento tornou-se um local de acolhimento e demonstração de afeto entre as mulheres assim como um local para resistir contra violência, racismo, machismo, homofobia e intolerância religiosa. Outra pauta intrínseca é a preservação da ancestralidade passada para as novas gerações através da dança e outras manifestações culturais.

Mulheres de comunidades quilombolas expões artesanatos produzidos por elas Foto: Luciana Faustine

Combate à violência

A região do Baixo Sul vive um histórico problema de violência física, psicológica e simbólica contra as mulheres, agravado pela pouca adaptação das políticas e serviços públicos à realidade local. Diversas comunidades rurais ficam consideravelmente afastadas do centro, agravando a deficiência na disponibilidade de equipamentos de segurança pública.

A partir da articulação coletiva das mulheres, juntas elas puderam se unir para combater os abusos que são submetidas. A evolução nos debates foi notada por diversas pessoas durante a feira, que pontuaram sobre o quanto as mulheres estão mais fortalecidas e resistentes.

Autora do livro Jaca Não Tem Sangue, Cosmiana Bispo da Conceição recita um cordel durante a feira Foto: Luciana Faustine

Pandemia

Em 2020, devido a pandemia de coronavírus, a feira não pode ser realizada de forma presencial, sendo celebrada através de um documentário desenvolvido por Koinonia e pela Articulação. O vídeo apresenta a trajetória da feira e importância dela para a autonomia das mulheres.

Danças e outras manifestações culturais também fazem parte do evento Foto: Luciana Faustine
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