Em um domingo às vésperas do feriado nacional de Nossa Senhora Aparecida, cerca de cem pessoas estiveram presentes em um dos eventos mais importantes do ano para os povos tradicionais de matriz africana. O projeto “Afrikerança”, idealizado pelo grupo Matriarcado Ancestral do Brasil teve seu lançamento em um dia recheado de atividades e reflexões que conectaram o Sagrado ao aspecto cultural e político.
“Afrikerança” tem como propósito a diminuição das sequelas deixadas pela Covid-19, o empoderamento feminino, o combate à intolerância religiosa, ao racismo e, principalmente, à violência contra a mulher em recorte apoiado na cosmovisão de matriz africana.
O projeto foi idealizado pela Ìyálode Ojéwunmi Rosângela D’Yewa, que tem por objetivo reunir as grandes matriarcas do Candomblé, as Iyalorisás, para repensarem um novo modelo de sociedade com base na sororidade, na solidariedade e nos saberes ancestrais que garantiram a sobrevivência do Sagrado Africano em diáspora ao Brasil.
A atividade contou com a participação de lideranças políticas, sociais e religiosas, com destaque para o sacerdote nigeriano Kabiesi Sangokunle Awurela que, junto das Yalorisás realizou a abertura do evento com uma cerimônia de louvação ao Sagrado Feminino.
O evento foi realizado no Centro Cultural Joaquim Lavoura, município de São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio de Janeiro. No decorrer do dia houve a apresentação do Grupo Afrocultural Jongo Eledá, além disso diversas barraquinhas com comidas típicas, artesanato e roupas enriqueceram o ambiente. O Poder Legislativo também se fez presente e concedeu diversas Moções de Aplausos às lideranças de destaque, pelas mãos do vereador Professor Josemar.
A Yalorisá Juçara de Yemonjá, integrante da comissão organizadora e anfitriã destacou a importância do estado do Rio de Janeiro e da cidade de São Gonçalo protagonizarem o primeiro encontro do “Afrikerança”, já que o histórico de racismo e fundamentalismo religioso são marcas do cenário social local. No fim do dia a celebração inter-religiosa com a presença da missionária Joana Raphael e do pastor Júlio, da Comunidade Batista de São Gonçalo, demonstrou a importância de estabelecer diálogos que combatam o fundamentalismo e aproximem as diferentes religiões com respeito e solidariedade mútuos.
KOINONIA foi parceira na construção do “Afrikerança” e esteve presente com o colaborador Pedro Rebelo.