Por Julio Monsalvo
Formosa, Argentina.
Dizíamos em uma de nossas cartas anteriores:
Perante a grandiosidade do Cosmos já soa estranho que espécimes da espécie humana, habitantes deste tão belo quão pequeno planeta, atribuam a si serem o centro do universo. Que ajam como se o fossem, é trágico!
É trágico que alguns espécimes da espécie humana ajam como se fossem o centro do universo, porque seus comportamentos são notoriamente agressivos contra todas as formas de vida, deteriorando assim o habitat, o que põe em risco sua própria sobrevivência.
Essa sensação de ser o centro de tudo e o proceder segundo este sentir é o que caracteriza a cultura antropocêntrica, a cultura dominante hoje.
O que nos dá esperança é que outros espécimes da espécie humanas, de maneira inversa, sentem que pertencem ao tecido da vida.
O sentimento de pertença à vida é a essência da cultura biocêntrica.
Na verdade, tudo é “centro”. A Vida é um tecido vital e toda a vida, incluindo a humana, é uma fibra vital pertencente a esse Tecido.
“A essa plantinha Deus a fez igual a mim”, nos dizia Dona Santa, uma sábia e idosa camponesa no norte da Argentina. “Ela é minha irmã, devo respeitá-la e pedir-lhe uma folha ou florzinhas para fazer um chá que me ajudem a superar um mal estar. Nunca arrancá-la…”
Nas famílias camponesas, especialmente nas mulheres e nos povos indígenas, manifesta-se o sentir biocêntrico de muitas maneiras.
Conservar a água, produzir alimentos saudáveis, respeitar a floresta, preservar sementes locais, são alguns dos procederes biocêntricos.
Também já se fala cada vez mais do valor da vida, dos Direitos da Mãe Terra e de toda a forma de vida.
Parafraseando o “Acordo dos Povos” (*):
A humanidade enfrenta um grande dilema: continuar no caminho do antropocentrismo, um caminho de predação e morte, ou o caminho do biocentrismo, da harmonia com toda a vida.
Em outras palavras, trata-se de recuperar o sentimento de pertença à Pachamama, à Vida. Todos somos um.
Até a vitória da vida sempre!
* Declaração da Conferência Mundial dos Povos sobre Mudança Climática e os Direitos da Mãe Terra; 22 de abril de 2010, Cochabamba, Bolívia.
Publicado originalmente por PRENSA ECUMÊNICA (ECUPRES)
Versión en portugués.
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Tradução do Prof. Sérgio Marcus Pinto Lopes. Tradutor e Intérprete.