Demônios necessários e exorcismos funcionais: religião e a maldade mansa
Dra. Nancy Cardoso Pereira*
Fui pastora metodista na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. Recém saída da Faculdade de Teologia, assumia duas comunidades na periferia de Duque de Caxias. Entusiasmada e apaixonada… ainda respirava os ares da Teologia da Libertação que marcou minha formação teológica e espiritualidade. Ecumênica. Militante… e pastora. Lá fui eu descobrir que a religião do povo era muito mais. Comunidades pobres de mulheres pobres e muitas crianças e alguns homens. A convivência foi mostrando os limites da minha formação; limites de compreensão e intervenção. Não me haviam dito que por debaixo do verniz histórico de um metodismo pouco inculturado habitavam fortíssimos elementos de uma religião mágica, voraz, dramática, aparentemente sem contornos, dificilmente catalogável. Cheia de demônios: vizinhos e próximos. Plena de exorcismos dominicais. Influência do pentecostalismo, influência pelo avesso dos terreiros, influência do catolicismo popular disfarçado. Foi um aprendizado difícil. O culto mais importante era o de domingo à noite: eu me revezava nas duas comunidades (uma urbana e a outra rural). De imediato me dei conta que, na comunidade urbana, quando eu não estava presente, o demônio se manifestava e aconteciam exorcismos e que tais. O povo dizia: “Pastora, foi uma benção! A fulana estava amarrada, mas o pregador percebeu e desafiou o inimigo e ele se manifestou e foi expulso em o Nome de Jesus. Pena que a senhora não estava… ”Acontecia domingo após domingo. Nunca na minha presença. Conversando fui descobrindo que as endemoninhadas eram sempre mulheres que tinham pouco tempo na comunidade. Quase sempre as mesmas, dominicalmente possuídas e fui tomada de indignação pelo fato estar se tornando uma parte necessária do culto. Tinha gente que só vinha ao culto de domingo à noite quando eu não estava…eram cultos de poder, diziam, enquanto eu só fazia estudo bíblico e orações e cantos. Era pouco. Um domingo, sem avisar, apareci na comunidade urbana quando o culto já estava para acontecer e…me convidaram para a oração de preparação do culto que acontecia numa salinha nos fundos do templo. Chegando lá, o leigo responsável pelo culto gritava e clamava o nome de Jesus. Os olhos fechados, os punhos cerrados, enquanto umas 5 mulheres gemiam e gritavam segurando uma mulher caída no chão. O nome dela era Sara, de família pobre, há alguns meses participava da comunidade com seus dois filhos pequenos. Havia passado por muitas igrejas e religiões. Era uma mulher frágil e pequena. Naquele momento ela parecia forte e enorme. O leigo pressionava uma Bíblia na testa de Sara e ela grunhia. A cena me era familiar. Tinha todos os elementos de uma possessão descrita nos livros e manuais. Não fiz nada. Tentei entender o que acontecia enquanto pensava em como deveria ser minha intervenção. Os minutos passavam e ele inquiria a mulher que respondia numa voz rouca e debochada. As mulheres gemiam. Pareciam felizes e excitadas. Foi quando me dei conta que as duas crianças de Sara estavam na sala, sentadas num canto…assistindo. Me irritei e, mesmo sem saber como, resolvi intervir. Disse para as pessoas que já estava na hora de começar o culto e que a comunidade estava esperando e que era preciso encerrar com aquilo. Pedia que uma das mulheres soltasse Sara e tirasse as crianças dali. Assumi seu lugar. Me abaixei e coloquei a cabeça de Sara nos meus joelhos e comecei a conversar com ela…”Sara, sou eu…a Nancy. Você está bem?” Ela respondeu: “Eu não sou a Sara. Ha!Ha!Ha!” Instintivamente eu respondi tentando fazer parte do drama que se desenrolava mas tentando trazer o grupo para fora: “Não! eu quero falar com a Sara. Sara fala comigo…me escuta. Quero conversar com você. Suas crianças estão lá fora. Vou levar vocês para casa. Eu e você Sara, você me escuta?” De verdade eu me sentia pouco à vontade, como se pedisse permissão ao demônio para falar com Sara. As mulheres e o leigo me advertiram: Não! pastora…não fale com carinho. Não é a Sara. Tem que ser no sangue de Jesus que tem poder.” Respondi:“Esta aqui é a Sara nossa irmã…e nós queremos cuidar dela.”. A mulher deu um pulo e abriu os olhos, assustada. No pulo, me deu um safanão jogando longe meu óculos. Foi um tapa e tanto. Sara começou a chorar convulsivamente. O leigo gritava que o demônio foi embora mas não foi vencido! As mulheres gemiam e oravam. Mandei (isso mesmo…sei lá como me enchi de autoridade mas, na verdade eu estava assustada e trêmula) que o leigo entrasse e começasse o culto. Eu ficaria com Sara e oraria com ela e seus filhos e depois a levaria até sua casa. Quando eles saíram o choro de Sara era de seu tamanho: pequeno. Trouxeram as crianças e nós conversamos. Ela me disse que acontecia sempre com ela quando vinha à igreja e que o senhor leigo sempre sabia fazer manifestar o demônio que a habitava. Ela estava cansada. Achava que era porque tinha andado na macumba e com os espíritas. Repeti minha conversa: que ela era filha de Deus e que tudo estava bem e que nós íamos cuidar dela. Oramos e fui levá-las em casa. Orei lá também. Pedi proteção para casa e para todos. Marcamos de nos encontrar mais cedo na quarta-feira antes do estudo bíblico. Ela disse que precisa de uma Bíblia. Precisava aprender mais para que o demônio não tivesse poder sobre ela. Me despedi e fui pela rua de barro e buracos me sentindo vazia. Havia apanhado do demônio em sua fuga e me sentia péssima. Voltei para a igreja e assisti o culto até o final. Tudo transcorreu normalmente. O leigo pregou sobre o poder de Deus e sua luta contra os poderes do mal…em alguns momentos parecia que ele me recriminava e publicamente me admoestava por minha incredulidade. Não passou muito tempo Sara acabou virando membro de uma igreja pentecostal no bairro. Os metodistas indiretamente me acusaram de não ter deixado Deus agir na vida dela…por isso nossa igreja era fraca e fria, enquanto as outras igrejas estavam cheias e poderosas. Me encontrei com Sara e ela me tratou com carinho. Disse que estava feliz na outra igreja, que o pastor lá tinha realmente tirado o demônio dela e que nunca mais tinha acontecido. Terminou me consolando, dizendo que não importa em qual igreja a gente fica né, irmã? o importante é estar com Jesus. Não fiquei muito tempo com esta comunidade. Dois anos e dois meses e foi tudo.
Demonizar o povo pra salvar Deus: pode?
As igrejas tradicionais têm uma visão elegante do sagrado. Violência e desordem perturbam o sagrado. O campo religioso entendido como lugar sublime de certo modo moraliza a experiência religiosa. Esta compreensão precisa de um Deus também elegante, centrado, sem arroubos e paixões…uma divindade distante da realidade deselegante, desordenada e violenta. Um Deus que pode ser aproximado da pobreza vitimizadora e sofrida…uma divindade que acolhe militantes esclarecidos e organizados…mas distante das ambiguidades e contradições que cortam a vida, em especial dos pobres. Sendo o cristianismo em suas vertentes históricas, detentor da hegemonia aparente do campo religioso, esta visão elegante e limitada do sagrado e da divindade acaba atribuindo às religiões e segmentos do cristianismo não hegemônico a produção simbólica e ritual da violência, da desordem, da ambiguidade. O demônio sempre são os outros.
José Jorge de Carvalho em seu texto Violência e caos na experiência religiosa[1] esquematiza um mecanismo de exclusão: os cristianismo tradicional suporta certo grau de violência mas qualquer excesso deve ser evitado e negado, transferindo para outras religiões o trato com a violência e a desordem; o kardecismo tenta colocar-se ao lado do cristianismo, atribuindo aos culto afro-brasileiros o que não quer assumir internamente; a umbanda branca faz o mesmo, tenta aliar-se ao espiritismo e por aí chegar até o cristianismo, atribuindo ao candomblé e seus similares o que estes atribuem à jurema e a macumba que – longe das fronteiras oficias do sagrado – assumem a violência e desordem como parte de sua identidade. De certo modo a Igreja Universal do Reino – e outros grupos – preenchem esta lacuna dentro do cristianismo, assumindo a performance do que se chama de três pilares clássicos das religiões em sua origem[2] o interdito, o rito e o mito.
“O rito sacrificial, ao mesmo tempo que faz descarregar a violência sobre a vítima, propiciando uma catarse purificadora, também alimenta a coesão grupal…violência, unanimidade e desfecho catártico, mediante o sacrifício”.
O exorcismo, segundo Girard pode ser um equivalente do sacrifício. A meu ver a questão está em que a violência e a desordem no âmbito da IURD se limitam ao campo de uma batalha espiritual, uma violência que precisa ser alimentada e engordada em termos de representação, mas continua sendo uma rejeição de elementos grotescos ou deselegantes, para a consideração do sagrado. O ritual de exorcismo não rompe com a própria noção de representatividade, que pressupõe uma passagem estável e segura do símbolo ao significado. O sagrado fica intacto e a violência se ritualiza e se institucionaliza. A violência e o caos funcionalizados distanciam-se do sagrado ficando como mera representação do nível pouco emancipado ou da miséria dos participantes de tais rituais. O exorcismo como reflexo da violência real distancia-se do religioso.
“Em vez de pensarmos a religião em termos de um conjunto de símbolos, como reza a já célebre definição culturalista… a experiência religiosa é também (e principalmente) um lugar onde os símbolos são dessignificados, desnudados de seus compromissos semânticos estáveis…um lugar de exercício de crítica radical, de um ceticismo fundamental com relação à ordem, onde tanto as utopias dominantes como as utopiasalternativas ou contra-utopias (mitos de interesse e mitos de liberdade) são igualmente deixados de lado” [3]
Se por um lado a IURD se apresenta como um espaço de expressão simbólica menos moralizante em relação ao sentimento de desencantamento do mundo das tradições religiosas históricas, em especial as igrejas cristãs históricas, por outro lado, para livrar a divindade de contradições e impotência diante da realidade de violência e desordem, recauchuta e remenda dualismos e batalhas espirituais mantenedoras do simulacro de exclusão e vitimização.
religião: a maldade mansa e aprender a ver
Prefiro pensar com João Guimarães Rosa em seu conto São Marcos. Não acredita em feitiçaria. Desdenha do João Mangolô apresentado como liturgista ilegal e orixá-pai de todo os meta-psíquicos por-perto, da serra e da grota, e mestre em artes de despacho, atraso, telequinese, vidro moído, voduísmo, amarramento e desamarração. (Sagarana, p. 225). Sai o narrador para um passeio e passa como de costume para enjerizar o Mangolô. O passeio é marcado pelas belezas dos olhos que convencem as palavras que as tenta imitar.
“No céu e na terra a manhã era espaçosa: alto azul, gláceo, emborcado; só na barra do sul do horizonte estacionavam cúmulos, esfiapando sorvete de coco; e a leste subia o sol, crescido, oferecido – um massa-mel amarelo, com favos brilhantes no meio a mexer”. p. 227
Os olhos se excitam com as cores e formas, os detalhes de formigas e penas, tufos, irerês, andorinhas, muito mel, bojuí, jati, urussú… borboletas de páginas ilustradas…paz. Até que de repente: uma pancada preta, vertiginosa… um ponto, um grão, um besouro, um anu, um urubu, um golpe de noite …E escureceu tudo. (p.247). O narrador está cego. Estarrecido, se desespera: Era a treva pesnado e comprimindo, absoluta. No meio da experiência da beleza que é extasiante e inesgotável…o homem conhece o limite e o reverso, descobre o caos e…os sons! Com os olhos negados de luz, o homem começa a ouvir: debulha de trilos dos pássaros, a patativa cantando clássico na borda da mata…pombas guaiando soluços e aqui ao lado um araçari que não musica…E aí vem a voz. A sensação primeiro: Chamado de ameaça, vaga na forma, mas séria: perigo premente. Capto-o. Sinto- direto, pessoal…o coração ribomba. Quero correr. Não adianta. Quem será? é meu amigo, o poeta. Os bambus. os reis, os velhos reis assírio-caldicos, belos barbaças como reis de baralhos, que gostavam da vazar os olhos de milhares de vencidos cativos? São meros mansos fantasmas, agora, são meus. Mas, então qual será a realidade perigosa, no sul? Não, não é perigosa. É amiga. Outro chamado. Uma ordem, Enérgica e aliada, profunda, aconselhando resistência…Começa a andar e a se mover. Tenta voltar para casa. Tenta reconhecer o caminho… perdida a visão que garantia a posse do lugar, o homem tenta escutar o caminho e vai se esbarrando nos barulhos que não sabia familiares: Tão claro e inteiro me falava o mundo, que por um momento, pensei em poder sair dali, orientando-me pela escuta…Não devo! Não posso ficar parado! Tenho já, já de correr, de me atirar pelo mato,, seja como for. No caminho, quando lhe falta o ouvido, o nariz se apresenta como referência do caminho. Reconhece os cheiros de árvores e ervas, o que antes não lhe vinha pelo olhar, e que a experiência da cor ofuscava, agora vai fazendo o caminho por seus perfumes, odores agradáveis e insuportáveis que vão tornando o caminho palpável.
“Outra árvore que não me vê, ai! É a colher-de-vaqueiro: este aroma, estes ramos densos, esta casca enverrugada de resinas -sei, como se estivesse vendo vista a sua profusão de flores rosada. Vamos cheiro de musgo. Cheiro de húmus. Tateia e cheira. Não sabe se saiu do lugar. Um cheiro ruim. A voz. Então o homem descobre que a cegueira e a perdição é coisa do João Mangolô que fez das suas rezas para acertar com tanto achincalhe de sua parte. Nessa hora, o homem num movimento brusco despenca a bramir a reza-brava de São Marcos. Repetia as palavras e as blasfêmias…sobe uma vontade louca de derrubar, de esmagar, destruir.. E então foi só doideira e zoeira, unidas a pavor crescente. E corri.”
Se aproxima da casa do Mangolô e grita apanha diabo! se arremessando contra o negro com violência. O Mangolô pede pelo amor de Deus! não me mata!. E os dois rolam no chão…e tudo clareia. Luz, luz tão forte… O Mangolô explica que amarrou uma venda nos olhos num boneco pra que o outro ficasse um tempo sem enxergar e sem ofender. O narrador conclui:
“Havia muita ruindade mansa no pajé espancado e a minha raiva passara tão glorioso eu estava…” acaba se conciliando com a Mangolô e ainda lhe dá uma nota de dez mil-réis. Fizera a experiência de não ver…e agora a luz. Se sentia glorioso… como se visse pela primeira vez: recobrara a vista. E como era bom ver! Na baixada mato e campo concolores. No alto da colina, onde a luz andava à roda, debaixo do angelim verde, de vagens verdes, um boi branco, de cauda branca. E, ao longe nas prateleiras dos morros cavalgam-se três qualidades de azul “. (p. 255)
Na obra de João Guimarães Rosa o mal e o bem se esgueiram na vida toda, não é ordenação ou danação de um deus, nem fraqueza ou desvio da gente. São possibilidades que acessamos na aventura de viver em relação com todos os viventes – gentes e mundos – e educam os sentidos, ou melhor, liberam nas formas de ver e ouvir e tocar os poderes de interpretar.
Os demônios se aninham nas formas de interpretar ou na sua ausência e deixam as pessoas assim embaçadas, incapazes de decidir, sem a autonomia necessária para o viver bem. Sem poder interpretar o mal e o bem se distanciam num fosso que os fundamentalismos alimentam, ampliam e mantém com zelo.
Eis assim que os fundamentalismos operam com fundamentos e princípios de separar o sim e o não. O mal e o bem. O que é e o que não é deixam de se visitar por mecanismo feroz de controle das identidades, dos contraditórios. A maldade mansa já não pode ser.
“Tudo é e não é… Quase todo mais grave criminoso feroz, sempre é muito bom marido, bom filho, bom pai, e é bom amigo-de-seus-amigos! (…) Querer o bem com demais força, de incerto jeito, pode já estar sendo se querendo o mal, por principiar”[1]
É preciso reconhecer que o fundamentalismo não é um fenômeno longe de nós – geográfica e religiosamente! Não é um fenômeno dos outros (no outro lado do mundo, na outra ponta do modelo econômico). Não é uma tendência presente em alguns setores das igrejas cristãs. O fundamentalismo é também a expressão majoritária do cristianismo: sexista, autoritário, elitista e moralista.
O cristianismo pretendido como religião universal é fundamentalista.
Vincado de modelo civilizatório potencializa em si mesmo e nas outras religiões a pretensão do Um e do Primeiro.
Mesclado de filosofia e metafísica ganha ares de obviedade que desperta no religioso dos outros o desejo mimético do divino mais que os outros.
Treinado de boas maneiras de ética e de moral, fez de si mesmo o critério e o método da virtude e da verdade.
Incestuosamente vinculado ao modelo de colonização e de imperialismo, fez-se poder inconteste ocultando pertenças sociais e contradições sistêmicas.
Fundamentalista é o cristianismo entendido como resposta unívoca na história.
Fundamentalistas são as reações e as resistências.
Vitorioso, o modelo ocidental-cristão, injeta doses cavalares de intolerância e violência há tanto tempo e de modo tão eficiente que já não se deixa ver seus fundamentos.
O fundamentalismo inventa demônios necessários e ele mesmo oferece exorcismos funcionais.
Fundamentalista é o pensamento ocidental que se pensa original e universal.
Fundamentalista é a ciência refém do capital e seus instrumentos de saber.
Fundamentalista como a política e a economia imperial só sabem ser.
Fundamentalista como a exclusividade do gênero masculino nos poderes.
Fundamentalista como o racismo persistente insiste em ser.
Fundamentalista como a heterossexualidade afirma ser.
Fundamentalista como a tecnologia dobra o ambiente e seus seres.
Fundamentalista como o capital se afirma sobre o trabalho.
*Pastora Metodista, graduada em Teologia e Filosofia: Mestra e Doutora em Ciência da Religião, com Pós-Doutorado em História antiga. Agente da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
[1] in: CARLOS EUGÊNIO MARCONDES DE MOURA (org.), As senhoras do pássaro da noite, EDUSP, São Paulo, 1994. pp. 87-120[2] OLIVA, Margarida, O diabo no Reino de Deus: por que proliferam as seitas, Musa, SP, 1997, p. 130[3] ibid., p. 116[4] todas as referências de: ROSA, João Guimarães, São Marcos, Sagarana, in:http://literauranopoeta.files.wordpress.com/2011/10/guimarc3a3es-rosa-sagarana.pdf(acesso em 12/8/2010)[5] ROSA, João Guimarães. Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1976, 11ª ed., p.12 e 16.