No último sábado, dia 20 de junho, a Rede Religiosa de Proteção à Mulher Vítima de Violência promoveu a formação em enfrentamento da violência contra as mulheres. A comunidade anfitriã foi a Igreja Metodista de Itaberaba, que está sendo pioneira em acolher os casos de violência a fim de encaminha-los para redes de enfrentamento. “Este curso é uma chamada a responsabilidade da comunidade religiosa, para não fechar os olhos diante da violência”, destacou a Pastora Laura ao fazer seu discurso de acolhida. Para agregar esforços, Ester Lisboa, assessora do programa Saúde e Direitos de KOINONIA, e Fabiana Costa, Secretária de Políticas para Mulheres de Itaquaquecetuba, contribuíram compartilhando seus conhecimentos.
Ester deu início à formação com a definição da violência de gênero e seus diferentes tipos: física, psicológica, moral, patrimonial e sexual. Para ela, trabalhar a conceituação do tema é extremamente necessário: “A violência é tão camuflada, é tão silenciosa, que passa despercebida. E o não reconhecimento da violência contribui para isso. A falta de conhecimento impede a liberdade”. Neste primeiro momento também foram trabalhados o ciclo da violência e a dificuldade do rompimento do mesmo. Para ilustrar, foram apresentados diferentes casos de violência contra a mulher que mostraram certa descrença na rede de atendimento por parte das mulheres vítimas que afirmam que as devidas providências não são tomadas.
Um dos assuntos mais trabalhados por Fabiana e Ester foi a Lei Maria da Penha, que prevê como estratégia de enfrentamento uma assistência prestada de forma articulada à mulher em situação de violência. Além da apresentação da composição da lei e suas características, foi esclarecido o procedimento de suas aplicações. O público pode acompanhar também a transformação social causada pela criação deste mecanismo traçando e analisando, junto às facilitadoras, as diferenças de cenário antes e nos dias de hoje.
Fabiana utilizou de sua experiência para falar sobre as redes de enfrentamentoe seus eixos: o combate, a prevenção, a assistência e a garantia de direitos. Aproveitando o conhecimento compartilhado e partindo para a prática, foram apresentados alguns casos para análise e resolução em conjunto durante a formação. A proposta era apresentar, através de uma encenação teatral, as medidas mais indicadas a serem tomadas em cada situação.
“Hoje saímos dos pré-procedimentos e partimos para a ação. As poucas igrejas que discutem sobre violência contra a mulher não saem disso, é necessário mais prática”, ressaltou a Pastora Laura, que por fim agradeceu: “Obrigada por serem sonhadores e compartilharem conosco este aprendizado. Como resposta, nossa comunidade se engajará em acolher essas mulheres”, prometeu.