A Igreja Episcopal Anglicana em solidariedade contra a impunidade e a injustiça no campo

Carolina Maciel

O dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária em Abril tem por objetivo trazer a memória dos 21 companheiros camponeses assassinatos (19 morream no local) a sangue frio por uma operação policial no Massacre de Eldorado de Carajás, no Estado do Pará, no dia 17 de abril de 1996, tornando-se oficialmente o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária.

Entretanto, mesmo após 16 anos de um massacre de repercussão internacional , a impunidade continua pairando sobre essa questão, uma vez que ninguém foi preso e os dois comandantes da Polícia Militar condenados a 220 anos de prisão ainda permanecem livres. O Brasil ainda não conseguiu dar encaminhamento apropriado aos seus problemas do campo, e às questões do empobrecimento e dos grandes proprietários de terra que continuam disseminando violência.
Durante essa semana, de 16 a 21 de abril, mais de mil camponesas/es e pequenos agricultoras/es se reuniram em Brasilia em acampamento, exigindo do Governo Federal e da Justiça tomar responsabilidade pelas promessas feitas no passado como assentar 186 mil famílias no ano de 2011 (há famílias vivendo em barracos há mais de 10 anos); desenvolver um programa para o desenvolvimento do campo; programas de crédito onde assentados e pequenos produtores possam ter acesso; e programas educacionais que realmente cheguem aos camponeses e pequenos agricultores satisfatoriamente, entre outras questões relevantes para a saúde da população do campo e da floresta e do planeta.
Neste dia 17, o Primaz da Igreja do Brasil Maurício Andrade foi a um ato político na Câmara dos Deputados para falar. Seu discurso foi forte contra a impunidade e pela Reforma Agrária no Brasil. A sessão iniciou-se com um momento de memória aos 21 assassinados em Eldorado de Carajás.
Durante sua fala D. Maurício enfatizou a importância da presença da Igreja neste tipo de acontecimento. Isso expressa compromisso com a vida e esperança militante para um mundo melhor onde a vida seja transformada. O Primaz sublinhou como a Igreja do Brasil tem estado presente em solidariedade com a luta das/os camponeses sem terra e pequenas/os produtoras/es. A Diocese Anglicana de Pelotas, no RS, por exemplo desenvolve um trabalho de presença, formação e acompanhamento através da Pastoral de pequenos agricultores. Ele mesmo recordou que caminhou em profunda solidariedade junto com os mais de 12 mil sem terra que marcharam no ano de 2005 mais de 200km vindos de Goiânia em direção à Brasília.
D. Mauricio atestou que do ponto de vista da compreensão de missão da Igreja Anglicana, um dos aspectos fundamentais da Missão é engajar-se para transformar estruturas injustas da sociedade (Cinco Marcas da Missão). Ao final como oração e compromisso, ele leu o Salmo 85:10-13:
"A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram.
A verdade brotará da terra, e a justiça olhará desde os céus.
Também o SENHOR dará o que é bom, e a nossa terra dará o seu fruto
A justiça irá adiante dele, e nos porá no caminho das suas pisadas."
 
É pedida à Família Anglicana que se una em oração e no compromisso cotidiano por um mundo melhor, sem impunidades e com justiça.
 
Com informações Diocese Anglicana de Brasília
Tags: No tags