Carolina Maciel
Nos dia 20 e 21 de janeiro, KOINONIA – Presença Ecumênica e Serviço esteve presente nas comemorações do Dia Nacional contra a Intolerância Religiosa no Axé Abassá de Ogum, em Salvador. No dia 20, sexta-feira, os adeptos das religiões de matrizes africanas e a sociedade civil foram convidados a participar do “Diálogo sobre Ética no Candomblé” que contou com a presença dos representantes religiosos de diversas nações; representantes da sociedade civil; representantes das secretarias que possuem ações voltadas para as Casas de Matrizes Africanas e a participação do presidente da Comissão de Promoção da Igualdade do Legislativo estadual, Bira Corôa.
O Diálogo sobre Ética no Candomblé iniciou com uma mesa institucional onde estiveram presentes, além de KOINONIA, a Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro-Ameríndia (AFA); as Secretarias de Promoção da Igualdade Racial, das Mulheres e da Justiça; o Núcleo das Religiões Afro-Brasileiras dos Policiais Militares (NAFRO) e a Comissão de Promoção da Igualdade. Todas as instituições presentes fizeram uma saudação pela importância do dia 21 de janeiro e apresentaram suas ações de apoio, assessoramento e enfrentamento aos casos de intolerância religiosa.
Josafá Araújo, representante do Programa Egbé Territórios Negros, em Salvador/BA destacou a ação de assessoramento aos Terreiros de Candomblé que KOINONIA desenvolve. Para ele não é possível pensar em ética para os candomblés se ainda temos graves problemas que envolvem a questão do direito territorial que não é assegurado. Josafá ainda fala que as ações de assessoramentos jurídicos prestados por KOINONIA têm o objetivo de auxiliar os Terreiros nos processos de abertura de associação, pedido de imunidade tributária, atualização de estatuto e etc.
No segundo momento da atividade, foi montada outra mesa de debate para discutir sobre Ética no Candomblé com a presença do Ogan Guellwar Adún do Terreiro Raiz de Airá, do município de São Félix; Deré Maria Clara do Terreiro Gurebetã Gume Sogboadã; Tata Ricardo de Lembá do Unzo Tateto Lemba e do Ogan Valter Rui Pinheiro. Todos fizeram destaques importantíssimos sobre as ações que podem promover a ética nos Terreiros de Candomblé. Depois de sua fala, Guellwar Adún, utilizou do espaço para colocar a importância do retorno da rádio comunitária que a Yá Jaciara Ribeiro mantinha em Itapuã. Segundo Adún “é ético para o povo de candomblé que a rádio seja reativada. Seria um espaço onde a presença do candomblé favoreceria a discussão sobre diversidade religiosa e respeito”.
A atividade da sexta-feira foi, na verdade, a abertura para o momento maior: a realização da Caminhada contra a Intolerância que está na quinta edição e contou com a participação de Terreiros de diversas nações, sociedade civil organizada, organizações não-governamentais, Blocos Afros. No momento da caminhada as pessoas estavam vestidas de branco e iniciaram as atividades com a exaltação aos orixás, pedindo licença e proteção para mais um ano. Toda a comunidade de Itapuã foi convidada a participar e relembrar a figura de Mãe Gilda, que foi vítima de intolerância religiosa, pagando com sua própria vida.
Um dos vários momentos emocionantes foi quando a Yá Jaciara Ribeiro anunciou que está sendo pleiteado pelo Coletivo de Entidades Negras (CEN) a instalação de um busto alusivo à Yalorixá Mãe Gilda, em uma praça que fica na subida da ladeira que dá acesso ao Parque da Lagoa do Abaeté.
A Caminhada terminou em frente ao Parque da Lagoa do Abaeté, com Yá Jaciara agradecendo a todos os presentes, saudando a todas as organizações que apoiaram a Caminhada e também àquelas que ao longo do ano lutam pelo enfrentamento a todo tipo de intolerância e desrespeito.
A 5ª Caminhada contra a Intolerância Religiosa terminou com os Ogãns fazendo uma saudação a Oxalá!
Com informações Fafá Araújo assistente de programas KOINONIA/BA