Terreiros, artes e ofícios

Manoela Vianna

Mais de sete Terreiros de Candomblé de Salvador estão realizando mais um ciclo de oficinas de artes e ofícios promovidas pelo projeto “Capacitação e Apoio ao desenvolvimento das Comunidades Negras tradicionais do Brasil” de KOINONIA.

Além do aprendizado de diferentes ofícios, as oficinas proporcionam um caminho para a garantia de direitos e valores das Comunidades.

As oficinas têm duração de aproximadamente dois meses e os instrutores foram escolhidos pelos dirigentes dos Terreiros participantes. Mais de cem pessoas de diferentes Casas e comunidades estão participando deste ciclo de oficinas. A intenção, de acordo com integrantes do Programa Egbé Territórios Negros, responsável pelo projeto, é criar um intercâmbio entre terreiros e comunidades onde eles estão inseridos.

As oficinas de artes e ofícios e diagnósticos sócio-ambientais

O Terreiro Osun Yinká, localizado no bairro de São Cristóvão, está promovendo oficinas de corte e costura; bordado e manicure, coordenadas por Mãe Dadá. Mais de vinte mulheres, entre elas muitas adolescentes, participam das aulas. Além das alunas do próprio Terreiros, há de outras Casas e da localidades próximas.

No Terreiro Viva Deus Bisneto, no bairro de Itapuã, a partir de 19 de março, 18 mulheres começaram o Curso de Bordado. O curso é conduzido por Gilcélia, que já foi instrutora da mesma oficina no Terreiro Tayoá Loni. Fazem parte da turma alunas de três Terreiros diferentes, entre elas uma Mãe de Santo.

Na abertura da oficina, as alunas participaram de uma dinâmica na qual fizeram um diagnóstico de suas comunidades. Para elas, os moradores de Itapuã e redondezas sofrem muito com a violência. Além disso, as alunas destacaram que a degradação ambiental da Lagoa do Abaeté também é um grande problema da região.

O Terreiro Tuumba Junçara está promovendo, desde 7 de abril, a oficina Imprimindo a Identidade em parceria com uma empresa de serigrafia. Cinco turmas estão participando das aulas que buscam divulgar as imagens e nomes dos inquices do Candomblé de nação Angola. Os alunos completarão o curso em oito semanas.

No mesmo Terreiro está sendo promovida, desde 15 de março, a oficina de Toque de Ngoma (atabaque). Os participantes são de Terreiros originalmente ligados ao Tuumba Junçara.

O Espaço Cultural Vovó Conceição, ligado à Casa Branca, está promovendo em parceria com Intecab, Alarabedê e Onado Ne Osum, a oficina de Corte e Costura Axó Orixá. A oficina tem o objetivo de ensinar a criação de roupas de ração (vestimentas do Candomblé). Vinte alunos entre mulheres e homens participam das aulas iniciadas no dia 1° de abril.

O Terreiro Kalé Bokun, localizado em Plataforma, inaugurou no dia 4 de abril as Oficinas de Arte Integrada Odún Olá. As oficinas foram pensadas utilizando uma pedagogia do axé. As aulas abordam diversas linguagens artísticas e formas de expressão, a partir da matriz sagrada do Candomblé de Ijexá.  Everaldo Nogueira e Tânia Bispo – bailarina e professora de dança – são os coordenadores que contam com o apoio dos conhecimentos das pessoas da Casa sobre a culinária, percussão, dança, confecção de roupas e de adereços. Vinte e três pessoas estão participando das aulas que acontecem no Terreiro e no Centro Cultural de Plataforma.

O Terreiro Kalé Bokun criou o site http://odun.gigafoto.com.br no qual é possível ver fotos das oficinas e enviar comentários sobre elas.

Oficinas de direitos

Além das dinâmicas de diagnósticos sócio-ambientais, as Comunidades promovem com o apoio dos profissionais de KOINONIA oficinas sobre saúde – ênfase em HIV/Aids, direitos civis e territoriais, direito a memória e sobre elaboração de projetos.

Sobre o Projeto:

O projeto “Capacitação e Apoio ao desenvolvimento das Comunidades Negras tradicionais do Brasil” teve início em 2007 e é co-financiado pela União Européia, Christian Aid e EED. O projeto tem como público alvo 15 Terreiros de Candomblé e comunidades negras  litorâneas da região do Baixo Sul da Bahia.

Saiba mais sobre o projeto “Capacitação e Apoio ao desenvolvimento das Comunidades Negras tradicionais do Brasil” lendo as notícias:

 

 

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