Manoela Vianna
Nesta edição especial do site, Ester Almeida, Ana Gualberto e Quitéria Maria Silva Ferreira falam sobre as mulheres que participam das ações de KOINONIA e suas lutas.
KOINONIA entrevista Ana Gualberto, assessora do Programa Egbé Territórios Negros
KOINONIA: Qual é a proporção de mulheres e homens que fazem parte do público atendido pelo Programa Egbé Territórios Negros?
Ana: Quando eu entrei no Programa, a proporção era de 50% para cada. Hoje em dia temos 60% de homens e 40% de mulheres, mas isso é variável, de acordo com a comunidade. Em geral temos esses percentuais.
KOINONIA: Nas atividades desenvolvidas pelo Programa Egbé Territórios Negros há diferença entre as atuações de homens e mulheres?
Ana: As esferas de participação são as mesmas, entretanto a forma de participação é diferente. As mulheres continuam ocupando alguns papéis determinados como secretárias de educação e cultura nas associações. Mesmo quando a presidência é feminina, as outras pastas ocupadas pelas mulheres se mantêm, salvo algumas exceções. O que é importante perceber é que em vários momentos as mulheres mantêm acesa a chama da luta nas comunidades. Elas continuam sendo grandes lideranças, mesmo não diretamente. E continuam fomentando a luta pelos direitos.
KOINONIA: Entre as mulheres que fazem parte do público do Egbé Territórios Negros qual seria o papel delas na luta pela garantia de direitos?
Ana: O papel das mulheres na luta por direitos continua sendo, além da participação direta nas ações e mobilizações de sua comunidade e do coletivo, continuar propagando a justiça das reivindicações. É através da educação dos jovens e crianças da comunidade que a luta se mantém e as mulheres continuam exercendo em maior quantidade esse papel formador e “cuidador”. Assim, o papel das mulheres internamente e externamente continua sendo o papel gerador.
KOINONIA entrevista Ester Almeida, assessora do Programa Saúde e Direitos
KOINONIA: Qual é a proporção de mulheres e homens que fazem parte do público atendido pelo Programa Saúde e Direitos?
Ester: Para respondermos esta questão é necessário primeiramente considerarmos que o programa propõe uma reflexão sobre saúde e se considerarmos a nossa cultura, saúde é igual a “cuidar do outro” e quem cuida do outro é a mulher. Assim, propor uma reflexão sobre a saúde é sensibilizar as mulheres primeiramente. O programa prevê e propõe atuar com homens e mulheres, mas a maior presença é das mulheres. Hoje a proporção é de 90% de presença feminina. A presença masculina é mais marcada por jovens.
KOINONIA: Nas atividades desenvolvidas pelo Programa Saúde e Direitos há diferença entre as atuações de homens e mulheres?
Ester: Sim, é notória e nítida a diferença nas atuações de homens e mulheres. No início os homens apresentam um pouco de resistência para conversar sobre o assunto, falar de corpo, saúde, auto-estima. Esses temas são desconhecidos ou pouco tratados pelos homens. A presença das mulheres facilita a participação dos homens; no sentido de auxiliar nos comentários e nas reflexões.
KOINONIA: Entre as mulheres que fazem parte do público do Programa Saúde e Direitos qual seria o papel delas na luta pela garantia de direitos?
Ester: Primeiramente, o S&D propõe um trabalho de tornar conhecidas as políticas públicas referentes a saúde da mulher. Depois trabalhamos para que percebam a importância da articulação e mobilização das mulheres para garantir um atendimento adequado, e de qualidade. Um dos papéis que auxilia na luta pela garantia dos direitos vem com a atuação das mulheres como multiplicadoras de informações, conhecimentos e como articuladoras. Enfim, promover a auto-estima, mobilizar e articular as mulheres, buscar estratégias que garantem os direitos, são papéis que buscamos desenvolver no S&D.
KOINONIA entrevista Quitéria Maria Silva Ferreira, assistente do Programa Trabalhadores Rurais e Direitos
KOINONIA: Qual é a proporção de mulheres e homens que fazem parte do público atendido pelo Programa Trabalhadores Rurais e Direitos ?
Quitéria: A proporção de mulheres nas atividades é em torno de 50%. Tem atividades, inclusive, que elas são maioria, a exemplo do último curso de agentes culturais de Alagoas, que no universo dos cursistas, as mulheres representavam 63%.
KOINONIA: Nas atividades desenvolvidas pelo Programa Trabalhadores Rurais e Direitos há diferença entre as atuações de homens e mulheres?
Quitéria: Não temos feito atividades específicas dirigidas às mulheres. Os públicos de mulheres e homens participam do conjunto das ações. Agora, o que procuramos é nas abordagens temáticas sempre fazer o recorte da discussão de gênero. Portanto, geração e gênero são duas questões que caminham juntas no programa. No caso das interfaces com outros programas, a exemplo do Programa Saúde e Direitos que tem feito atividades para o público do TRD [Programa Trabalhadores Rurais e Direitos] – cursos de multiplicadores – a atividade passa a ser específica para o público de mulheres. No curso em 2007 em torno de 90% eram de mulheres jovens.
KOINONIA: Entre as mulheres que fazem parte do público do Programa Trabalhadores Rurais e Direitos qual seria o papel delas na luta pela garantia de direitos?
Quitéria:Um dos enfoques do TRD é justamente trabalhar a formação de jovens para garantia dos direitos. Portanto, nos cursos, oficinas, visitas de intercâmbios, esta temática tem sido abordada de forma enfática, incluindo a discussão sobre os mecanismos de intervenção. As mulheres, enquanto público majoritário das ações do programa tem sido sujeitos ativos desse processo. Procuramos desenvolver processos que favoreça as mulheres serem protagonistas na luta em torno dos direitos e pela inclusão nas políticas públicas