Manoela Vianna
Encontro de Terreiros de Candomblé, exposições, lançamentos de livro, do Fala Egbé Direitos e do Fala Egbé 13 e mais de 200 pessoas reunidas foram os resultados das ações realizados pelo Programa Egbé Territórios Negros, durante o dia 25 de agosto na Casa de Itália em Salvador.
Mais de 50 terreiros representados
O dia de ações múltiplas do Programa Egbé começou com o Encontro de Terreiros atendidos pelo Programa, conhecido como Almoço de Trabalho e Fraternidade. O evento reuniu mais de 80 pessoas e foi aberto com uma oração feita pela Iyalorixá Jaciara Ribeiro do Terreiro Axé Abassá de Ogum.
Também fez parte do momento de abertura uma rodada de apresentação individual dos participantes na qual foram muito aplaudidos os representantes de comunidades quilombolas e de Terreiros da região do Baixo Sul da Bahia, já que foi a primeira vez que pessoas dessa localidade do estado participaram do evento.
A assistente do Programa Egbé Territórios Negros, Jussara Rêgo, apresentou as atividades do Programa realizadas a partir do dia 24 de março, data da última reunião de Terreiros. Entre as ações desse período destacam-se as oficinas que fazem parte do projeto “Capacitação e apoio ao desenvolvimento de comunidades negras tradicionais no Brasil”, promovido com co-financiamento da União Européia. Cinco Terreiros já sediaram oficinas de corte e costura, bordado; culinária; e estética afro que já alcançaram 130 pessoas. Segundo Jussara, as oficinas representam um movimento diferenciado do Programa e fazem parte do processo de garantia de direitos defendido por KOINONIA. Após a apresentação das atividades houve uma cerimônia de entrega de diplomas para os instrutores das oficinas.
No mesmo sentido de afirmação de direitos, foi lançada, durante a reunião, a publicação Fala Egbé Direitos que apresenta em três partes noções de Direitos Civis, Políticos, Culturais e Territoriais; Direito à Saúde; e Direito à Memória. O número 13 do Informativo periódico Fala Egbé também foi lançado no mesmo dia.
As ações de intolerância religiosa e os resultados das oficinas de capacitação foram os temas mais abordados durante a tribuna livre. Para a Iyalorixá Jaciara Ribeiro, as oficinas repesentam uma maneira de lutar contra a intolerância religiosa: “As oficinas vieram para nos fortalecer. Quando a gente abre nossa casa, estamos lutando contra a intolerância religiosa. Todos os dias há casos de intolerância religiosa e isso é crime, racismo”, afirmou Jaciara. Após a reunião, os participantes visitaram a exposição dos produtos feitos pelas alunas das oficinas de capacitação. O próximo Encontro dos Terreiros Atendidos pelo Programa Egbé Territórios Negros será realizado no dia 24 de novembro.
Um livro que dá voz a mais de cem terreiros
Com o apoio específico da Fundação Ford, foi realizado o lançamento de Candomblé: Diálogos Fraternos para Superar a Intolerância Religiosa, uma festa que reuniu mais de 200 pessoas. O evento foi aberto por um coral da Igreja Batista e em seguida houve apresentações musicais das diferentes nações do Candomblé – Ketu (Ilê Axé Omin JObá), Jeje (Terreiro Vodum Zô), Ijexá (Ilê Axé Kalé Bokun) e Angola (Terreiro Tuumba Junçara). Por último se apresentaram os alunos da oficina de atabaque que está sendo realizada no Ilê Axé Omin JObá. Após as apresentações os mais de 100 representantes dos Terreiros autores fizeram uma sessão de autógrafos.
O livro Candomblé – Diálogos Fraternos para Superar a Intolerância Religiosa – edição revista e ampliada é resultado de alguns dos encontros de Terreiros atendidos por KOINONIA. Os temas abordados – candommblé e ecumenismo, o diabo e o mal; a morte; mulheres no candomblé; eduação; sacrifício; feitiço – começaram a ser discutidos em 1999 por representantes de mais de cem Casas de Candomblé. A publicação foi organizada por Rafael Soares de Oliveira, secretário executivo de KOINONIA e Coordenador do Programa Egbé Territórios Negros, e foi editada por KOINONIA.
Saiba mais sobre o novo livro de KOINONIA lendo a notícia: Candomblé – Diálogos Fraternos para superar a intolerância religiosa