Partilha de Experiências

Comunicação Koinonia

Na quinta-feira à tarde, dia 13,  foi realizado um painel sobre Solidariedade, Justiça e Paz para todos os participantes da Jornada Ecumênica. O bispo metodista Paulo Ayres iniciou sua intervenção destacando a possibilidade da religião ser um instrumento de maldade. Explicou sua hipótese utilizando a frase das religiões cristãs “Fora da Igreja não há salvação” que, segundo ele mostra a dificuldade dos cristãos de respeitar outras religiões. Assim, respeitar as diferenças se apresenta como um desafio:

 

– É preciso respeitar a diferença, pois não dá para ser feliz sozinho, afirmou Ayres. O bispo concluiu dizendo que para avançarmos no sentido do respeito às diferenças temos que enfrentar fraquezas como o racismo e problemas relacionados a gênero.

 

O painel seguiu com a participação da bispa da Igreja Metodista da Argentina, Nelly Ritche, que se concentrou em afirmar a necessidade de recuperar o valor das palavras. Segundo ela, fala-se muito de solidariedade, justiça e paz, mas é preciso questionar os sentidos desses conceitos. Para Ritche essas palavras temas têm significados entrelaçados: justiça se entrelaça com a solidariedade e com a paz – uma é essencial para a existência da outra.

 

– Não temos paz no Brasil porque não há justiça. Dessa forma o Ogã do Terreiro da Casa Branca de Salvador (BA), Ordep Serra, conduziu sua exposição. Concordando com as idéias da bispa Nelly Ordep reforçou que não há paz sem justiça. Por isso vivemos num país sem paz, em face às injustiças sociais. Ordep defendeu que a justiça é o eixo que passa pela paz e pela solidariedade. Além disso, o Ogã resumiu o sentido da ética do candomblé usando as frases:

 

– Aquele que faz bem faz bem faz bem a si mesmo. Aquele que faz mal faz mal a si mesmo. Segundo Serra, o candomblé é a origem do ecumenismo, já que é uma religião que não se guia por uma verdade absoluta. As celebrações do povo de santo, por exemplo, são espontaneamente abertas desde sua origem a todos, independente das diferentes crenças.

 

O painel foi encerrado por três jovens mulheres negras que usaram poesia para entrelaçar os conceitos de solidariedade, justiça e paz expostos pelos painelistas. Cada um deles teve 15 minutos para a exposição. Segundo a organização do evento, o tempo curto para assuntos tão complexos foi proposital, pois o objetivo da atividade era provocar o público a refletir, para que em outro momento, em grupos, aprofundassem as questões.

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