Angola cá e lá

Helena Costa

A situação desesperadora que assola o continente africano, em todos os sentidos vítima dos nem sempre confessáveis interesses dos países do Ocidente, reflete-se, de modo particular, em Angola. Esta mesma Angola cujos filhos e filhas ajudaram, com seu suor e sangue, mas também sua arte e sua fé, a construir o Brasil e que, hoje, reconstroem sua esperança com uma senisibilidade toda especial para com o povo e as artes do Brasil de além-mar! A tragédia africana a que o mundo assiste impávido como querendo não ver e com que seus governantes mais poderosos parecem pouco se importar aponta para a tragédia maior destes tempos globalizados: a indiferença e a insensibilidade para como o outro, ou seja, a morte do amor e a demência do eu ensimesmado, subprodutos letais gerados pela chamada civilização ocidental. O clamor africano pela solidariedade, pelo respeito e pela justiça devem nos sensibilizar e nos ajudar a romper com a barbárie neocapitalista que, em meio às complexidades de suas contradições ameaça devorar o mundo e impedir a expansãoda vida.

Trecho do editorial da revista Tempo e Presença nº 340

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