Márcia Evangelista
Territórios Negros nº 37
Este é um trecho do editorial do informativo Territórios Negros nº. 37 que traz nesta edição uma nova formatação da seção Notícias, com um maior número de informação recolhidas na imprensa no período de dezembro de
Este número do informativo traz na seção “Um Pouco de História” texto assinado por Daniela Yabeta, contando a história da Rainha Jinga, nascida em Ndongo, na África Central, em 1582. Na seção “Um Território”, o texto de Ana Gualberto fala sobre a comunidade de Pimenteira, localizada na zona da mata do Baixo Sul da Bahia, no município de Camamu. A partir de entrevistas realizadas com os quilombolas Marilene Silva dos Santos, Dona Moça (Virgínia dos Santos) e Manoel Luiz, Ana descreve um pouco da rotina da comunidade e sua luta em defesa de seu território. Na seção “Fala Quilombola” vamos conhecer um pouco da Escola Estadual Maria Antonia Chules Princesa, a “Escola Quilombola”, localizada no município de Eldorado (SP) e que atende a uma população de aproximadamente 420 alunos entre Ensino Infantil, Fundamental e Médio, que vivem em seis comunidades quilombolas ao seu redor: Ivaporunduva, São Pedro, Galvão, Nhungura, Sapatú e André Lopes.
A tarefa de resenhar as principais notícias dos meses anteriores de forma a oferecer sínteses delas às comunidades quilombolas tornou-se cada vez mais difícil. O crescimento do número de notícias e a generalização do acesso das próprias comunidades à internet nos levaram a uma reflexão sobre a forma e o conteúdo deste informativo.
O grande crescimento do número de notícias é reflexo principalmente de dois fatores. A expansão das políticas públicas voltadas para estas populações nos três níveis da administração, federal, estadual e municipal e a explosão dos debates em torno da regularização territorial destas comunidades, que tem mobilizado o executivo, o parlamento e o judiciário, tendo chegado ao Supremo Tribunal Federal.
Acompanhando tal crescimento, a tarefa de oferecer simples sínteses de notícias de eventos e controvérsias que envolvem grande número de agentes e agências tornou-se mais complexa. Enquanto, por outro lado, é cada vez mais evidente a existência de uma camada de lideranças quilombolas jovens e escolarizadas que demanda não mais apenas sínteses de notícias, mas a análise destas.
Assim, é o próprio amadurecimento do campo que nos exige uma adaptação do formato inicialmente proposto.
A nossa seção Notícias continuará oferecendo a seleção das mais relevantes do período e sua organização por estados, mas reduzindo ao mínimo os seus resumos, de forma a abrir espaço para aumentar o número de notícias selecionadas e para introduzirmos um ou dois breves textos analíticos. Por outro lado, na apresentação das notícias acrescentamos a indicação de sua data de publicação no site do Observatório Quilombola como ferramenta para que o leitor busque a sua versão completa.
Eventualmente, em função do acúmulo de notícias sobre o mesmo tema, abriremos espaço para blocos temáticos que, neste número, falam sobre as ações de reconhecimento e regularização fundiária e sobre a presença dos quilombos em mobilizações mais amplas de outros movimentos sociais.
Neste número, o nosso texto analítico, que busca apresentar uma síntese reflexiva de um dos assuntos de destaque do período, fala sobre a reprodução, no caso dos quilombos de Alcântara (MA) da mesma lógica de intervenção e impedimento do processo de reconhecimento e regularização já utilizada contra os quilombolas da Marambaia (RJ), revelando um padrão.
As demais partes do informativo, Um Pouco de História, Um Território e Fala Quilombola permanecem no mesmo formato e tamanho.
Boa leitura
José Maurício Arruti