Entre os dias 4 e 7 de agosto foi realizado, em São Paulo, o Seminário de Capacitação do Programa de Acompanhamento Ecumênico na Palestina e Israel, preparando e selecionando os futuros e futuras voluntários que servirão nos territórios ocupados.
O Ecumenical Accompaniment Programme in Palestine and Israel – EAPPI (que no Brasil recebe o nome de Programa de Acompanhamento Ecumênico na Palestina e Israel – PAEPI) é uma iniciativa ecumênica do Conselho Mundial de Igrejas criada em 2002 em resposta a um pedido das igrejas cristãs palestinas. Ao longo dos últimos 14 anos o programa teve mais de 1.500 voluntários de diversos países de vários continentes, que serviram como Acompanhantes Ecumênicos (EAs).
O trabalho é desenvolvido em articulação constante da comunidade que faz a recepção através de um escritório em Jerusalém e de sete bases na Cisjordânia. O EAPPI construiu uma rede de contatos que cobre cerca de 70% do território, desde as Colinas ao Sul de Hebron, onde há uma base em Yatta, até o Norte do Vale do Jordão e a cidade de Nablus. Nestas áreas, o trabalho dos EAs é estruturado em três grandes áreas: reporte e documentação de abusos de direitos humanos, presença protetiva em comunidades vulneráveis e articulação com ONGs israelenses e palestinas que trabalham em prol da Paz Justa.
Desde 2011, o Brasil está envolvido diretamente com essa iniciativa. Nestes 5 anos, 30 EAs já foram enviados, graças ao importante apoio inicial do Conselho Latino Americano de Igrejas (CLAI), que até 2015 acolheu o programa no Brasil. A partir deste ano, 2016, o programa passa a operar em parceria com KOINONIA. Além disso, o reconhecimento internacional do Programa se evidencia pelo apoio e confiança depositada pela Unicef/ONU, devido às atividades de promoção educacional e defesa de direitos das crianças na Terra Santa.
Dentro da lógica de seleção e treinamento de novos voluntários, KOINONIA, junto com a equipe de Coordenação Nacional do PAEPI, organizou o V Seminário de Capacitação do Programa no Brasil, realizado no Centro de Formação Sagrada Família. Foram quatro dias de palestras, conversas e troca de experiências com pessoas que já participaram do programa.
O Seminário funciona em dois grandes blocos, um que diz respeito às diferentes narrativas existentes sobre o conflito Israel-Palestina e o segundo, sobre o trabalho específico que o EAPPI desenvolve no território, seu código de conduta e praticidades específicas.
Para entender a narrativa de um ponto de vista mais oficial da comunidade judaica, o evento contou com a presença de um representante da Confederação Israelita do Brasil (CONIB). Além disso, foi realizada uma roda de conversa com uma brasileira judia que morou em Israel e compartilhou sobre a vida e a sociedade israelense. Aconteceu também uma visitação à Congregação Israelita Paulista (CIP), com a recepção e acompanhamento do rabino Ruben Sternschein para uma conversa seguida da celebração do Shabat.
Para as narrativas palestinas, foi ouvido o Embaixador da Palestina no Brasil, sr. Ibrahim Alzeben, que trouxe a perspectiva da Autoridade Nacional Palestina e respondeu às dúvidas dos participantes. Também foi partilhado um momento no Restaurante Al Janiah, dirigido por imigrantes palestinos, onde ouvimos membros do MOPAT – Movimento Palestina para Todos e palestinos refugiados no Brasil.
Para somar a estas narrativas, aconteceu ainda uma sessão sobre a história do conflito pela Professora Arlene Clemesha, do Departamento de Árabe da Universidade de São Paulo, e outra sobre política no “mundo árabe”, com o professor Reginaldo Nasser, do curso de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Yuri Hassz e Sandra Caselato realizaram uma oficina sobre comunicação Não-Violenta, trazendo contribuições para uma reflexão da ação não violenta como forma de resolução de conflitos. As partes práticas do trabalho em campo e os diferentes contextos palestinos foram trazidos por EAs que já participaram do projeto em outros anos e se somaram à Coordenação Nacional no treinamento dos candidatos. Por fim, Alexandre Quintino e Wallace Gois apresentaram o trabalho realizado pelo Conselho Mundial de Igreja e o desafio da incidência pública do tema nas comunidades religiosas.
Como exemplo prático do trabalho de educação e incidência pública, foi realizado no local do evento, durante três dias, uma exposição de fotos. Com o nome de “Sumud, [R]Existir”, a exposição traz 30 fotos tiradas pelos brasileiros e brasileiras que participaram nos últimos 5 anos e tem curadoria de Pablo Pinheiro, de Natal.
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