O papel do masculino é tema de roda de conversa na Igreja Metodista da Vila Mariana

A última edição da roda de conversa aconteceu no dia 9 de maio, na Igreja Metodista da Vila Mariana, que acolheu pela terceira vez o evento promovido pela Rede Religiosa Proteção à Mulher Vítima de Violência. O tema da vez foi “O papel do masculino e a violência contra a mulher”.

O encontro contou com a facilitação do psicólogo Leandro Andrade Feitosa, Doutor em Psicologia Social, também pesquisador, professor na PUC/SP e técnico do serviço de responsabilização para homens autores de violência no Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde. Este é o primeiro coletivo feminista que desenvolve uma ação com homens, encaminhados pelo ministério público.
 
O facilitador trouxe um panorama sobre o que é a masculinidade e seus reflexos. “É ensinado desde criança aos meninos que eles são ‘o homem da casa’.É desenvolvido todo o estereótipo de que o homem não deve temer nada e é superior em qualquer razão. O processo de formação da masculinidade, do homem sempre como dono da razão, vai perpetuando por toda a vida. Eles acabam por reproduzir aquilo que lhes foi ensinado pelos pais”, conta.      
Leandro apresentou o resultado de algumas pesquisas que mostraram que, historicamente, os homens vêm acumulando perdas e as mulheres vêm conquistando espaços e direitos. “No trabalho e na educação, tem ocorrido uma crescente perda salarial com os homens; o contrário tem acontecido com as mulheres. Elas estão entrando em áreas de trabalho que eram de domínio do sexo masculino”, explica.
 
O psicólogo lembra também que os homens estão tendo uma maior cobrança em relação à divisão das funções domésticas, uma vez que está ocorrendo a diminuição de responsabilidades nas atividades domésticas por parte das mulheres. Porém, ele ressalta que este fato não significa que a sociedade está mais igualitária, apenas demonstra a perda de poder, domínio e espaço dos homens.
 
Inclusive, alguns deles têm problema de gerenciar as mudanças que têm acontecido já que não conseguem aceitar a perda na disputa de poder. Esta razão é colocada como um dos principais condutores que leva alguns homens a agir agressivamente.

Cerca de 40 pessoas participaram do evento. As falas demonstravam indignação em relação ao papel do masculino, que tem assegurada a legitimidade da agressão. Para Suzi Soares, participante do encontro, “a chave para romper o ciclo de violência é tratar o agressor”. Leandro lembra que o agressor é produto da nossa sociedade e não uma patologia, mas concorda que “as políticas atuais são apenas punitivas, o que não gera uma manutenção”.
 
A conversa resultou na conclusão de que o papel do masculino e a violência contra a mulher estão intrinsecamente ligados, sendo necessário discutir mais sobre o tema. A violência contra mulher não é para ser trabalhada apenas com as mulheres. Para concluir, o convidado ressaltou que “acabar com o machismo não é sinônimo de as mulheres tomarem poder de tudo e excluírem os homens da sociedade. O ideal não é a troca de papel entre homens e mulheres, mas a busca por um sistema de sociedade igualitário”.
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