Entender a origem da violência que acomete mulheres por meio de um olhar inter-religioso foi tema da última roda de conversa da Rede Religiosa de Proteção à Mulher Vítima de Violência. A comunidade anfitriã da vez foi a Igreja Metodista – Vila Mariana, em São Paulo, que trouxe um público plural e comprometido com a causa.
Para somar esforços, a Pastora Lídia Maria de Lima fez o papel de facilitadora na conversa. Ela apresentou o panorama histórico e cultural relacionados à construção de comportamentos que reforçam atitudes machistas na sociedade contemporânea. As informações apresentadas trouxeram a reflexão de que o pensamento patriarcal perpetua até os dias atuais, mesmo dentro dos espaços religiosos.
Durante todo o debate, os participantes se manifestaram e contribuíram com a discussão. A inquietação levantada pelos presentes é que a mulher é sempre vista como serva e somente o homem é visto como representante de Deus, e por parte dos cristãos essa ideologia é legitimada pela bíblia.
Outro ponto apresentado foi a apropriação da mulher, gerando o sufocamento de sua autonomia e liberdade. Além disso, a Pastora Lídia acrescentou que “a mulher é de uma categoria própria, uma classificação já pré-determinada: visão pejorativa de uma pessoa promiscua e adultera”.
A linguagem é instrumento de dominação e não pode ser utilizada na justificativa e legitimação da violência contra a mulher. A facilitadora, por fim, deixou a reflexão: “Temos que estar preparados para acolher essas vítimas, resgatando sua dignidade. Precisamos de soluções institucionais, para onde possamos encaminhar. A igreja não pode fazer tudo sozinha. Precisamos nos apropriar de instrumentos jurídicos, como conhecer a lei Maria da Penha”.
A próxima roda de conversa será realizada dia 9 de maio na Igreja Metodista – Vila Mariana com o tema “O papel do masculino no enfrentamento da violência contra a mulher”.