Mulheres do Baixo Sul integram caravana rumo à Marcha das Mulheres Negras 2025 e se unem às 300 mil participantes em Brasília

Brasília foi tomada, no dia 25 de novembro, pela força de cerca de 300 mil mulheres negras de todo o Brasil e cerca de outros 37 países da América Latina, América Central e do continente africano, em um dos maiores atos políticos já realizados pelo movimento de mulheres negras. A Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver 2025 reafirmou a centralidade das pautas antirracistas, feministas e de justiça social.

Entre as milhares de vozes que ocuparam a Esplanada dos Ministérios, estava a caravana do Baixo Sul da Bahia, organizada com apoio de KOINONIA. Formada por mulheres de comunidades quilombolas, pesqueiras, assentamentos e comunidades negras tradicionais, a delegação levou seus cantos, histórias, memórias e reivindicações para o centro do debate nacional.

Fortalecimento territorial e trocas entre realidades diversas

Coordenando a delegação, Ana Celsa, colaboradora da Companhia e integrante histórica da articulação regional, destacou a força coletiva da viagem:

“Coordenar a caravana com 40 mulheres do Baixo Sul foi uma experiência muito importante para mim e para todas as mulheres do território. Articulamos mulheres de vários municípios e comunidades, fortalecendo nossa participação e ampliando nossa voz. Estar em Brasília no dia 25, unidas a mulheres de outros estados, foi uma demonstração de força diante do racismo, do machismo e das discriminações que ainda nos negam direitos. Voltamos fortalecidas, mais unidas e determinadas a transformar nosso território, honrando nossas ancestrais e garantindo o Bem Viver para as próximas gerações.”

A presença da caravana também reforçou o processo de formação política e territorial que vem sendo construído ao longo do ano junto às mulheres do Baixo Sul.

Uma marcha histórica e um divisor de águas para o movimento

Para Ana Gualberto, diretora de KOINONIA, a marcha representou um marco político e simbólico para o movimento de mulheres negras no Brasil e no mundo:

“A marcha foi incrível. Reuniu cerca de 300 mil mulheres do país e de diversos territórios da América Latina, América Central e do continente africano. Essa união deu grande visibilidade às agendas das mulheres negras no mundo inteiro. KOINONIA investiu durante o ano para fortalecer os grupos de mulheres negras do Sul da Bahia, em parceria com a articulação regional. Levar uma caravana com 40 mulheres de oito comunidades foi a continuidade desse trabalho, criando um espaço potente de troca e partilha.”

Ana destacou ainda a importância das articulações internas do movimento:

“Diferente da marcha anterior, que tinha grande expectativa institucional, esta edição centrou-se na articulação entre os grupos e na construção de ações conjuntas. Seguimos marchando com as mulheres negras, porque esta é uma agenda prioritária: fortalecer a autonomia dos grupos, garantir participação e ampliar a tomada de decisão das mulheres. A marcha foi um divisor de águas.”

Ela também apontou o momento político sensível vivido durante o ato:

“Foi simbólico e preocupante ver, mais uma vez, o presidente Lula ignorar os chamados das mulheres negras por uma ministra preta e nomear um homem branco. Esse gesto frustrou expectativas e expressa que nossa agenda ainda não é tratada como prioridade pelo governo. As datas são políticas, e os gestos que as acompanham também.”

Baixo Sul presente: por nós, pelas que vieram antes e pelas que virão

A participação do Baixo Sul reafirma que não há futuro justo sem as mulheres negras. Com o apoio de KOINONIA, as mulheres da região atravessaram territórios e fronteiras para ocupar Brasília com força, coragem e ancestralidade.

A caravana também contou com a presença de Dina Lopes, do Conversa de Preta, reforçando a máxima que guia o movimento:
quando uma mulher negra se levanta, nenhuma outra permanece sentada.

O retorno ao território acontece com energia renovada, articulação fortalecida e o compromisso de continuar construindo caminhos de Bem Viver.

Seguimos em marcha. Seguimos em luta.
Por nós, pelas que vieram antes e pelas que virão.

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