A XIV Feira Agroecológica das Mulheres Negras Contra a Violência aconteceu no dia 7 de novembro, na Praça Dr. Francisco Xavier Borges (Praça de São Benedito), em Camamu, reunindo 289 mulheres de 34 comunidades quilombolas, pesqueiras, assentamentos e comunidades negras tradicionais dos municípios de Ibirapitanga, Maraú, Gandu, Valença, Nilo Peçanha, Ituberá, Igrapiúna, Camamu e Salvador. O encontro reforçou a articulação regional e o fortalecimento da luta coletiva das mulheres negras rurais.
Organizada por mulheres vinculadas a diferentes territórios, a feira apresentou uma ampla diversidade de produtos divididos em três categorias, artesanato, alimentos beneficiados e produtos in natura, como alimentos frescos, plantas medicinais e mudas. A disposição dos estandes facilitou a circulação e chamou atenção pela qualidade da produção agroecológica, que evidenciou o protagonismo das mulheres. Apesar da variedade, expositoras relataram que as vendas foram menores que em anos anteriores, possivelmente pela baixa mobilização de potenciais compradores da sede municipal.
O evento foi marcado por momentos de fala de lideranças comunitárias e representantes de organizações parceiras, trazendo reflexões sobre direitos, enfrentamento à violência, ancestralidade e resistência. Houve também um momento especial dedicado à divulgação da 2ª Marcha das Mulheres Negras, que acontecerá em Brasília no dia 25 de novembro. Ao final, integrantes da delegação do Baixo Sul registraram uma fotografia coletiva como símbolo da mobilização territorial.
Todas as comunidades participantes do projeto Comércio com Identidade estiveram presentes como expositoras ou apoiadoras. KOINONIA também contribuiu com a distribuição de camisas temáticas às integrantes do projeto e à equipe de organização.
A juventude teve presença marcante nesta edição. Jovens das comunidades rurais e de escolas locais participaram ativamente das atividades e apresentações culturais. O número de expressões artísticas aumentou significativamente, com performances de dança afro, capoeira, samba de roda, dança da jiboia e cantorias, muitas delas protagonizadas por jovens mulheres. Um destaque adicional foi a formação de um novo grupo de tocadores, idealizado pelo sanfoneiro Sr. Adelino, envolvendo homens das comunidades de Boa Vista, Garcia e Pedra Rasa, em um processo de resgate cultural do samba ancestral.
Assim como em edições anteriores, o grupo de homens das comunidades assumiu a organização e distribuição do lanche solidário. A orientação para que cada participante trouxesse seu próprio prato e copo foi mantida, fortalecendo práticas sustentáveis e reduzindo o uso de descartáveis.
A preparação da feira começou às 5h da manhã, com equipes distribuídas em comissões de coordenação, mediação, recepção, organização das barracas e alimentação. O mutirão organizou a praça, posicionou mesas, realizou a ornamentação, distribuiu kits de limpeza, entregou tíquetes do lanche e montou a estrutura de abastecimento de água.
A edição de 2025 reafirmou o evento como um território de resistência, celebração da ancestralidade e fortalecimento da luta das mulheres negras por direitos, bem viver e enfrentamento à violência. A cada ano, novos grupos de mulheres se somam à iniciativa, ampliando o movimento e reafirmando seu papel na transformação social do território Baixo Sul.
