Reforma política ampla, democrática e participativa – uma necessidade

Manoela Vianna

De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral, 22,73 milhões de eleitores não compareceram às urnas para escolher um candidato.  Isso significa que quatro milhões a mais de pessoas em relação às eleições 2008 decidiram não votar. Assim, a abstenção chegou a 16,41% dos 138,5 milhões de eleitores do país.

Nesse contexto de desinteresse e descrença na política, KOINONIA apoia a nota pública “As eleições e a reforma política no Brasil,” da rede PAD (Processo de Articulação e Diálogo Internacional para os Direitos Humanos).  O documento critica o sistema político eleitoral e afirma a necessidade de ampliar a democracia no Brasil. O caminho vislumbrado é uma reforma política ampla, democrática e participativa.

Para isso a rede apoia a Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político. Uma das sugestões da plataforma é a nova regulamentação do art. 14º da Constituição Federal que trata do plebiscito, do referendo e da iniciativa popular. A nova regulamentação defenderia que determinados temas só poderiam ser decididos pelo povo, através do plebiscito e do referendo, como, por exemplo, o aumento dos salários dos parlamentares, a realização de grandes obras e as privatizações.

KOINONIA integra o PAD junto a seis agências ecumênicas europeias e mais de 160 entidades. 

Leia a nota pública e entenda a proposta da Plataforma.

NOTA PÚBLICA – As eleições e a reforma política no Brasil
O PAD – Processo de Articulação e Diálogo Internacional para os Direitos Humanos, rede formada por seis agências ecumênicas europeias e mais de 160 entidades parceiras no Brasil – manifesta publicamente sua crítica ao sistema político eleitoral e a afirma a necessidade de ampliar a democracia no Brasil. Uma reforma política ampla, democrática e participativa é o caminho.

O processo eleitoral no Brasil está deixando de ser, por excelência, o período em que se tem a oportunidade de discutir publicamente a política enquanto caminho para o bem público e o bem comum. Desde que passou a ser regido majoritariamente por interesses privados e pelos poderes econômico e do marketing político, este período passa muitas vezes ao largo para a população, ou ainda pior: é tido como uma enfadonha obrigação.
 

Ainda que as distorções do sistema político conduzam a maior parte das pessoas a uma descrença na política e a uma convicção de falta de opções, as eleições são uma real oportunidade de reafirmar as conquistas históricas e os marcos fundamentais da democracia. Mais do que isso: ainda que não seja o único, trata-se de um momento importante para discutir a política como mecanismo garantidor de direitos e os direitos como conquistas da sociedade; e a necessidade de ampliarmos a democracia e os direitos no país.
 

Ao mesmo tempo em que temos crítica à política tal qual ela se constitui hoje, afirmamos que é a própria política o caminho para a transformação deste cenário. Foi com esta concepção que diversos movimentos e articulações da sociedade civil criaram a Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político.
 

Este movimento está baseado em duas premissas: a primeira, de que o sistema político chegou a um limite de distorções e contradições; a segunda, de que, apesar de ter chegado neste limite, o sistema político é uma ferramenta fundamental para a garantia de direitos que deve ser aprimorada, atualizada e ampliada.
 

A questão central deste movimento está em uma proposta de ampliação da democracia tal qual a conhecemos, para isso propõe uma Reforma Política ampla, democrática e participativa para o Brasil.
Envolvidas em um vasto processo de mobilização, estas entidades construíram uma proposta da Iniciativa Popular nos moldes do projeto Ficha Limpa, que discute e propõe uma nova forma de se pensar e de exercer o poder. Para isso propõe o fortalecimento da democracia direta e o aperfeiçoamento da democracia representativa, centrando o exercício do poder na soberania popular.
 

Hoje centrado na representação – e criando distorções, como, por exemplo, a de “apenas votar porque se é obrigado” – o sistema político precisa de uma transformação radical e urgente. É preciso criar instrumentos de participação direta da população nas decisões, sem intermediações e fortalecendo a soberania popular. É preciso que isso se dê em bases sólidas, em um projeto que democratize o plano representativo, o judiciário e as comunicações e amplie o poder criando estruturas participativas.
 

Entre outras coisas, as entidades articuladas à Plataforma da Reforma Política apoiam uma nova regulamentação do art. 14º da Constituição Federal que trata do plebiscito, do referendo e da iniciativa popular; defendem que determinados temas só possam ser decididos pelo povo, através do plebiscito e do referendo, como, por exemplo, o aumento dos salários dos parlamentares, a realização de grandes obras e as privatizações; defendem reformas no sistema eleitoral que possibilitem aos segmentos subrepresentados nos espaços de poder (mulheres, população negra e indígena, em situação de pobreza, do campo e da periferia urbana, da juventude e da população homoafetiva, etc) a disputa em igualdade com os demais; e defendem a democratização e a transparência dos partidos.
 

Por isso, o PAD vem manifestar seu apoio a esta ideia: somente uma Reforma Política ampla e democrática e participativa é capaz de alargar a democracia no país, aumentando o poder popular e criando instâncias participativas e deliberativas e promovendo melhorias significativas no sistema representativo. Quem sabe, assim, seja possível devolver o sentido público ao período eleitoral e o direito ao debate público de qualidade à população brasileira. Em última instância, retomando o valor da cena política enquanto espaço de conquista e ampliação dos direitos.

Clique aqui e saiba mais sobre a Proposta da Iniciativa Popular para a reforma do Sistema Político  
 

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