Oficina sobre Racismo Ambiental no Quilombo de Jatimane

A atividade teve como principais objetivos promover um espaço de diálogo sobre o conceito de racismo ambiental, conectando os estudantes ao debate sobre as questões ambientais dentro do território quilombola e na região. Além disso, buscou incentivar o protagonismo juvenil quilombola, destacando a importância da participação ativa dos jovens nas questões que afetam seu território e sua comunidade.

A metodologia adotada foi dinâmica e interativa, com o intuito de engajar e provocar reflexão entre os participantes. As atividades ocorreram ao longo de dois dias, proporcionando momentos de reflexão, discussões, dinâmicas de grupo e atividades lúdicas que permitiram aos participantes se envolver de maneira profunda e prática com os temas abordados.

No dia 30 de setembro, a atividade começou com uma acolhida calorosa, criando um ambiente agradável para todos os participantes. Os responsáveis pela atividade se apresentaram e explicaram os objetivos do encontro, entre eles, Nathalia Gouveia e Pedrina Belém do Rosário, da equipe de Koinonia, e as agentes quilombolas Laiane dos Santos e Fernanda Mendonça.

Em seguida, a atividade iniciou com a cantiga “Xote Ecológico”, uma música tradicional que conectou a cultura quilombola ao tema da preservação ambiental. A cantiga serviu para aquecer o ambiente e sensibilizar os participantes — e os mini participantes — sobre a importância de cuidar da natureza. Após isso, todos se apresentaram em uma roda, compartilhando seus nomes e uma palavra de desejo para o dia, criando um clima descontraído e de confiança mútua.

Na sequência, foi proposta uma reflexão sobre o meio ambiente, convidando todos a pensarem sobre o que ele significa para cada um e como está relacionado às suas vidas cotidianas, além de destacar a importância de sua preservação. Logo depois, realizou-se a dinâmica da pintura, em que cada participante teve a oportunidade de ilustrar em uma tela suas ideias sobre como poderia contribuir para a preservação do meio ambiente. A atividade estimulou uma reflexão mais profunda sobre o papel individual e coletivo na proteção da natureza, ao mesmo tempo em que favoreceu a expressão criativa.

O dia seguiu com uma discussão sobre o racismo ambiental, na qual foi apresentado o conceito e discutido como a exploração e a degradação ambiental afetam de forma desproporcional as comunidades quilombolas e negras, tornando-as mais vulneráveis a diversos problemas ambientais. Durante a discussão, foram apresentados exemplos de racismo ambiental dentro do próprio território, como a degradação do solo, a poluição dos rios, o lixão a céu aberto, a falta de saneamento básico e a exploração sem qualquer consideração pelas consequências para a comunidade.

Todas as atividades foram realizadas ao ar livre, no gramado do pátio da escola. A parte da tarde iniciou com a dinâmica dos cartazes, em que os participantes se dividiram em grupos e foram desafiados a criar cartazes com frases e imagens que representassem as mensagens aprendidas no primeiro dia. Cada grupo refletiu sobre como o racismo ambiental afeta sua comunidade e, a partir dessa reflexão, criou cartazes com propostas de ações para promover a preservação e a justiça ambiental. Ao final, os cartazes foram expostos em um local visível para todos, permitindo que os participantes refletissem sobre os compromissos e ações propostas, além de compartilharem suas ideias com os colegas.

Em seguida, foi realizada a dinâmica do balão, com o objetivo de tornar o tema mais tangível. Nessa atividade, três sacos representavam diferentes tipos de lixo: tóxico, reciclável e orgânico. Cada saco tinha uma cor diferente, e os estudantes foram convidados a entrar em cada um e pegar o máximo de bolas possíveis. Após a atividade, foi feita a contagem das bolas, e as agentes Fernanda e Laiane explicaram o significado da dinâmica, que simbolizava como, na correria do dia a dia, as pessoas acabam misturando o lixo sem prestar atenção ao destino adequado de cada tipo. O objetivo foi conscientizar os participantes sobre a importância da separação correta dos resíduos, refletindo como essa prática também está relacionada à preservação dos recursos naturais e ao cuidado com o meio ambiente.

Para encerrar o dia de atividades, houve um momento de confraternização com um lanche coletivo, proporcionando um espaço descontraído para que os participantes interagissem de maneira mais informal. Em seguida, foram feitos os agradecimentos a todos que participaram e colaboraram para o sucesso da atividade. No encerramento, todos se reuniram para cantar, celebrando a cultura local e reforçando o vínculo com a terra, a ancestralidade e os valores de resistência das comunidades quilombolas.

A atividade atingiu seu objetivo de promover um espaço de reflexão e diálogo sobre o racismo ambiental, conectando os estudantes a questões relevantes para sua comunidade e região. O protagonismo juvenil foi claramente evidenciado, com muitos participantes demonstrando interesse em se envolver em ações concretas de preservação e conscientização ambiental. As dinâmicas lúdicas e criativas ajudaram os estudantes a internalizar, de forma acessível e interativa, os conceitos discutidos — como a importância de separar o lixo e de valorizar práticas sustentáveis no cotidiano.

Apesar do sucesso, um dos desafios foi garantir que todos os participantes, especialmente os mais jovens, compreendessem a complexidade do tema do racismo ambiental. No entanto, as atividades realizadas foram eficazes em tornar o conceito mais claro e acessível.

Os próximos passos incluem o acompanhamento das ações e reflexões iniciadas durante a atividade, com a continuidade de ações formativas que incentivem a participação ativa da juventude quilombola em questões ambientais. Além disso, a criação de espaços permanentes para discussão e mobilização sobre o racismo ambiental será essencial para consolidar o protagonismo juvenil quilombola e promover a conscientização contínua sobre essas questões



Relatora: Nathalia Gouveia e Pedrina Belém
30 de setembro de 2025
Imagens por Luan Santos

Compartilhe em suas redes:
Tags: No tags