No último sábado, 28 de junho, o Nzó Maza Ria Mikaia, de nação Angola, localizado na Ilha de Itaparica (BA), recebeu o Encontro de Juventude de Terreiro, reunindo jovens iniciados e não iniciados para uma escuta qualificada e compartilhamento de vivências a partir da perspectiva da juventude. A atividade integrou o ciclo de formação e articulação em territórios de terreiro da região metropolitana de Salvador e contou com a participação das colaboradoras de KOINONIA, Candai Calmon e Nathalia Gouveia.
O encontro foi mediado por filhos e filhas de Minkisi, promovendo um espaço seguro de acolhimento, reflexão e escuta sensível. Jovens do Nzó participaram ativamente do momento, relatando experiências pessoais e coletivas sobre suas trajetórias até a iniciação. Os relatos destacaram o poder simbólico e espiritual das dijinas – nomes recebidos por iniciados – e como essas identidades reafirmam a presença política, ancestral e sagrada da juventude negra no mundo.
Entre os temas abordados, esteve também a estigmatização enfrentada pela nação Angola dentro do universo plural do candomblé. Os jovens relataram desafios ligados ao desconhecimento da língua, cultura e arquétipos desta tradição, além de preconceitos internos que reforçam o racismo religioso e a exclusão simbólica dentro da própria religiosidade afro-brasileira.
KOINONIA celebrou a oportunidade de participar desse encontro potente de construção coletiva, reafirmando seu compromisso com a valorização das juventudes de terreiro e o combate à intolerância religiosa. Aweto*!
* Termo utilizado pelo povo da nação angola para afirmar qualquer fala positiva que esteja vinculada à espiritualidade, aos Nkisi (orixás) e a tudo que é positivo, bom e próspero.