Evento realizado na UFBA fez parte da agenda do dia nacional de combate à intolerância religiosa
Texto de Lucas Marllon, revisado por Camila Chagas em KOINONIANo dia 22.01.24, o Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO), da Universidade Federal da Bahia, acolheu o seminário Direitos Forjados na Luta. O evento, realizado por KOINONIA, fez parte do calendário do Dia nacional de Combate à Intolerância Religiosa, buscou dar visibilidade aos estudos acadêmicos relacionados aos povos de terreiro feitos por afro-religiosos.
Dentre os presentes estavam membros da comunidade acadêmica, religiosos de matriz africana e evangélicos engajados no movimento ecumênico e combate à intolerância religiosa, como o coletivo Evangélicas Por Igualdade de Gênero – EIG. Membros da Comissão Especial de Combate à Intolerância Religiosa da OAB/BA também estiveram presentes no evento.
Pandemia e a condição dos terreiros em Salvador
O primeiro trabalho “A pandemia por COVID-19 e as condições de vida e saúde em comunidades de Terreiros em Salvador-BA” foi apresentado por Tiago Coutinho, mestre em Serviço Social. Na ocasião, ele explicou como os povos de terreiro atravessaram o período da pandemia e falou das dificuldades e desafios em face das medidas sanitárias para evitar o contágio do vírus, como isolamento social, uso de máscaras, fontes de renda e subsistência.
Terras de Obaluayê sob a guarda de Xangô
A segunda exposição foi realizada por Roberta Nascimento, ativista dos Direitos dos Povos e Comunidades Tradicionais, com o título “Terras de Obaluayê sob a guarda de Xangô: as encruzilhadas no estudo de caso para a regularização fundiária de um terreiro no Estado da Bahia”.
A facilitadora apresentou a temática do direito ao território para os povos de terreiro, a partir de um estudo de caso que serviu de base para a sua dissertação de mestrado em Direito na Universidade Federal da Bahia.
Racismo religioso e Segurança Pública
Em seguida, Tiago Garcez, mestre em Segurança Pública, Justiça e Cidadania apresentou o trabalho sobre sua dissertação “Racismo Religioso: as operações policiais militares nos espaços sagrados do Candomblé, na cidade de Salvador, entre 2005 e 2023”.
Ele explicou que utilizou como ponto de partida o ano de criação do Núcleo de Religião de Matriz Africana da Polícia Militar da Bahia – NAFRO/PM e partilhou como a polícia militar tem se debruçado, durante o período escolhido para a pesquisa, no combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa.
Por fim, Silvio Rosário, mestre em Antropologia Social, apresentou sua pesquisa que se transformou em um livro: “Entre batidas e batuques: a polícia e os candomblés da Bahia”, bem como a atuação da ronda Omnira. As duas últimas exposições se complementaram pela pertinência temática.
Ao final das exposições, ocorreu um debate caloroso entre os presentes que colocaram reflexões, questionamentos e sugestões aos expositores e pedido para que KOINONIA realizasse outras edições do evento.