Carolina Maciel
“Debate com movimento social é fundamental”. Em dia dedicado a reforçar aproximação com movimentos sociais, Dilma Rousseff diz ter certeza de que é ‘fundamental” dialogar com eles, ao encerrar Marcha das Margaridas, maior manifestação do campesinato feminino. Segundo presidenta, críticas e sugestões dos movimentos são “essenciais”, ‘bem-vindas” e “necessárias”. Parte das reivindicações foi atendida, mas outra continuará a ser negociada. Próximo encontro margaridas-governo será em outubro.
A presidente Dilma Rousseff fez gestos importantes de aproximação com movimentos sociais, nesta quarta-feira (17/08). Ao participar do encerramento da Marcha das Margaridas, manifestação de camponesas em Brasília, disse querer “intensificar o diálogo do governo” com as “margaridas” e completou: “Tenho certeza que o debate com os movimentos sociais é fundamental.”
“Tenho certeza que as críticas e as sugestões são essenciais. E, além disso, para nós, são bem-vindas. Muito bem-vindas e necessárias”, reforçou.
Dilma pronunciou um discurso de 31 minutos do jeito que o antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, gostava. Usando na cabeça um chapéu de palha que identificava o movimento ao qual se dirigia, semelhante ao das manifestantes presentes ao Parque da Cidade de Brasília – a organização do evento calcula entre 60 mil e 70 mil pessoas.
Ao assumir o microfone, entregou à secretária de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Carmem Foro, um caderno com as respostas do governo a 158 reivindicações da Marcha. Os pedidos tinham sido apresentados a ministros há cerca de um mês.
Segundo Dilma, foram semanas “duras” de negociação ao fim das quais não foi possível atender tudo. Para ela, no entanto, o mais importante seria a continuidade das conversas daqui para frente, para que os outros pedidos sejam desembaraçados.
“O principal resultado desta marcha é a continuidade do diálogo, do respeito, entre vocês e o governo federal, iniciado ainda pelo nosso presidente Lula”, disse Dilma. “Me comprometo a dar continuidade a esse diálogo respeitoso e companheiro”, completou.
A presidenta pretende fazer encontros semestrais com as ‘margaridas’, cujas marchas são quadrianuais – ocorreram em 2007, 2003 e 2000. O próximo já está marcado em outubro.
No discurso, porém, a presidenta listou algumas dos pleitos já atendidos. Disse que o governo vai construir unidades básicas de saúde para funcionar em rios, implantar centros de referência do trabalhador para gente do campo e da floresta e ampliar as compras feitas de agricultores familiares de alimentos destinados à merenda escolar, por exemplo.
"Duas mil e onze razões para marchar para o desenvolvimento, sustentável com justiça, autonomia, igualdade e liberdade". Este será o lema 4ª edição da Marcha das Margaridas que acontecerá nos dias 16 e 17 de agosto em Brasília, região Centro-oeste do país. A Marcha reunirá cerca de 100 mil mulheres de diversas regiões do país na luta por melhores condições de vida e trabalho no campo e contra todas as formas de discriminação e violência.O evento acontece a cada quatro anos sempre no mês de agosto, para fazer a memória ao assassinato da líder sindical Margarida Alves morta com um tiro no rosto no dia 12 de agosto de 1983 no município de alagoa grande, Paraíba, região nordeste do país.
A atividade foi lançada nacionalmente em novembro de 2010, e desde então, os movimentos de mulheres vêm se organizando em vários pólos do país com o objetivo de se articular e preparar a pauta de reivindicação através de debates, palestras, estudos, planejamento e captação de recurso.
Essas mobilizações resultaram na elaboração de um caderno de texto que teve como base os eixos da plataforma política do movimento de mulheres. São elas: biodiversidade, terra, água e agroecologia, soberania e segurança alimentar, autonomia econômica, saúde pública e direitos reprodutivos, educação não sexista e democracia, poder e participação política. O caderno reuniu cerca de 158 propostas que foram entregues na semana passada (13), em ato político, no Palácio do Planalto em Brasília."
Com informações André Barrocal do Jornal Correio do Brasil