Águas do rei

Águas do Rei

“Acredito que a Antropologia e História devem trabalhar de mãos dadas nesse domínio, onde há que vencer a barreira de muitos preconceitos”. Com esta convicção o antropólogo Oderp Serra apresenta reflexões que serão um marco na produção antropológica brasileira.
Sem receio do confronto intelectual e das ideias, ele se atira de maneira obstinada à compreensão de aspectos fundamentais da história do Brasil, favorecendo o resgate de uma dimensão esquecida ou precariamente considerada.
Não se consegue ler estes ensaios sem se sentir profundamente tocado pelas revelações neles contidas. Escrito de modo apaixonado e polêmico, como cabe a um bom baiano de Cachoeira, o livro representa um avanço nas questões um dia já abordadas pela academia e garante a uma grande maioria a compreensão dos valores, sentimentos e modelos de realidade que se acham incorporados à visão de mundo de grandes parcelas de nosso povo.
Para o autor, “o sincretismo católico-afro-brasileiro não resultou apenas de equívocos induzidos por uma cristianização precária ou tão-somente de artifícios empregados pelos negros para assegurar a realização de seu culto sob a capa de atos devocionais cristãos”. Ordep Serra acentua, de forma inovadora, o genuíno interesse teológico, por parte dos fundadores do rito afro-brasileiro, de conhecer, interpretar e dominar intelectualmente a religião do Novo Mundo para onde foram trazidos.
Mergulhar nas Águas do Rei é uma aventura em busca do insondável e do inefável da religião dos orixás.

Autor: Ordep Serra
KOINONIA/Vozes. 1995. 366 p.