Por que se enfurecem as gentes
E os povos imaginam coisas vãs?
(Davi, Salmo 2)
Nas tradições litúrgicas natalinas, este salmo é lido. . Quem cotejar o texto integral perceberá quão político é o Natal. O fato é que os arranjos mais conhecidos imbricaram nascimento de Jesus nos sete últimos dias decembrinos e, com o ano novo, as celebrações nos invadem januárias. É tempo de aventura (ad+ventura) – a visão a espraiar-se deste presente para o futuro, a expectação do novo. E o novo é radicalmente político, mesmo como brinquedo. Os senhores de todas as guerras – de valores, de juros escorchantes, de lucros açambarcadores, de destruição e morte das esperanças – assustam-se e até se enfurecem ao saber que algo/alguém novo está surgindo e lhes foge ao controle: “Me avisem onde nasceu a criança; também queremos ir adorá-lo”, diz Herodes aos magos caminhantes a seguir a estrela. Nasceu sim, tiramos o eleito de séculos de espera e nem se sabe bem onde está; nasceu, sim, reacionários, e eleito de milhões e anda por aí mais vivo que todas as esperanças; nasceu (e sempre vai nascer) do grito de alforria de milhões de escravizados e famintos. E é por isso que todos os empanturrados estão repetindo e refrão-choramingas:
“Eu tenho medo…”
Nós, ‘koinônicos’ andarilhos pelas ruas de Oikoumene, unidos a milhares outros também queremos beijar a todos os ansiosos pelo novo, comungar com vocês, desejando vencer todos os medos, abracemos a esperança.
Que seja corajosa e feliz a festa, neste advento de Novo!
Amém! Axé!
Autor: Carlos Cunha