

A peça chave para avanços no combate à cultura do estupro é o questionamento do que é tido como natural. “A cultura não é um dado natural. Entendê-la desta maneira é tornar normal a violência. Quando falamos em cultura do estupro estamos abordando comportamentos aprendidos e que são reforçados por diversos mecanismos de reprodução de sentido, como a mídia, a escola, a ciência e a religião”, explicou.
Sensibilizados com o tema, alguns participantes levaram para a roda casos reais que ilustraram o que estava sendo explicado. Zilá Pupo, membro da Igreja Metodista da Vila Mariana, por exemplo, lembrou ser a primeira mulher de sua família a frequentar uma escola. “Tenho esperança de que as novas gerações valorizem as mulheres, tirando-as debaixo dos panos, onde ficavam caladas e escondidas. Eventos como este mostram que as coisas podem mudar”.
Para Sandra, ter um espaço como o que é proporcionado pela Rede Religiosa de Proteção à Mulher Vítima de Violência é uma ótima saída. “Podemos unir forças. Geralmente, os parceiros impedem que as mulheres saiam e visitem suas famílias e amigos, mas não as impedem de ir à comunidade religiosa. Fazer deste lugar um ambiente de conforto e denúncia é uma ótima ferramenta de enfrentamento à violência”.
Finalizando, o pastor William Melo, da comunidade Metodista, deixou um recado a todos os presentes: “Precisamos tirar esse véu de perfeição religiosa. O primeiro passo é assumir nossos erros e encarar isso com mais honestidade para que seja possível o trabalho de enfrentamento”.