Clarisse Braga com edição de Manoela Vianna
Na tarde de 22/4 KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço recebeu em São Paulo a visita do professor Dr. Bernd Simon. O encontro aconteceu a convite da professora Vera Paiva do NEPAIDS (Núcleo de Estudos para a prevenção da AIDS ).
Ocupando a cadeira de Psicologia Social e Política da Universidade Chiristian Albrechts de Kiel, na Alemanha, o professor Bernd veio ao Brasil com o intuito de pesquisar as relações entre diferentes grupos.
O objetivo da pesquisa é estudar a percepção que as comunidades de fé têm do movimento de mulheres e LGBT e vice-versa. O professor ainda pretende identificar pontos que tornem as relações harmoniosas enquanto ambos os grupos buscam espaço e apoio da sociedade civil.
Para ilustrar o contexto brasileiro, a assessora do Programa Saúde e Direitos de KOINONIA Ester Lisboa e Paula Sousa, do Centro de Referência e Treinamento em DST Aids (CRT) do Estado de São Paulo, explicaram como empregam a temática da saúde para abordar temas mais controversos como sexualidade e equidade de gênero dentro das comunidades religiosas.
O fator mais importante do trabalho tanto de KOINONIA como do CRT é que nenhuma organização procura uma comunidade para oferecer uma nova opinião em relação à sexualidade e direitos. São as comunidades que procuram KOINONIA e CRT em busca de conhecimento. Desta forma, acredita-se que os grupos estão mais propícios a respeitar, as diferenças.
“Na Alemanha, temos dois grupos distintos e que aspiram espaço político e social; de um lado estão os mulçumanos com suas tradições mais conversadoras e, do outro, o movimento LGBT com sua luta por direitos”, explica o prof. Bernd Simon. Já no Brasil, como destaca Ester, os grupos que buscam espaço na sociedade são muitos e diferentes uns dos outros.
Mesmo assim, o país apresenta avanços que deixaram o prof. Bernd impressionado. “São diferentes tradições religiosas que entram em um consenso quando se trata de saúde, principalmente, HIV Aids. No GT Religiões e Aids (Grupo de Trabalho coordenado pelo Programa Estadual), todos são bem-vindos à participar, a única condição é o respeito e, desta maneira, conseguimos avançar com temas considerados tabus em comunidades conservadoras”, afirmou Paula.
Para o pesquisador, a Alemanha tem muito que aprender com o Brasil. Segundo o professor, os temas polêmicos são apresentados de maneira direta no seu país. “Dessa forma, o membro de certa comunidade ou desiste de seus valores religiosos e modifica seu ponto de vista ou permanece com o mesmo comportamento”.
Bernd acredita que a abordagem utilizada pelo GT e por KOINONIA é a ideal ao identificar similaridades entre grupos distintos. “A saúde é de interesse geral e, atualmente, nenhuma comunidade ignoraria o tema HIV Aids; neste caso, ‘saúde’ serve como uma ponte entre diferentes grupos que, eventualmente, encontram harmonia por meio de diálogos acerca do tema”, destacou Ester.
De acordo com o professor, o encontro com KOINONIA e CRT de São Paulo foi de grande ajuda ao seu estudo, já que a experiência vivenciada por KOINONIA através do GT Religiões é a resposta que ele procurava: a harmonia entre diferentes tradições religiosas em torno de um bem comum.