Carolina Maciel
É com profundo pesar que KOINONIA informa o falecimento do Padre Agostinho Pretto. Um dos principais líderes da Juventude Operária Católica, esteve presente nas grandes conquistas do povo trabalhador da Baixada Fluminense, do Brasil e da América Latina.O pároco era reconhecido por ser um lutador, visionário, solidário, humanista, libertador, incansável e corajoso.
Agostinho Pretto nasceu em 28 de março de 1924, na cidade de Encantado, no Rio Grande do Sul. Foi ordenado padre em 30 de novembro de 1953. Foi uma das principais lideranças da Juventude Operária Católica, sendo, na década de 1960, Assessor Nacional e depois Latinoamericano da JOC. Em 1970, foi preso pela ditadura militar, juntamente com outros militantes da JOC.
Em 1974, Padre Agostinho Pretto mudou-se para Nova Iguaçu para trabalhar com Dom Adriano Hipólito, de quem se tornou grande amigo e colaborador. Agostinho fundou a Pastoral Operária e exerceu durante muitos anos a coordenação nacional do movimento. Foi fundador da Associação Nacional de Presbíteros, sendo o primeiro presidente da instituição. Atualmente, Padre Agostinho era pároco da Paróquia São José Operário, no bairro Califórnia.
Toda uma geração de cristãos, no Rio de Janeiro, foi marcada pela presença do Padre Agostinho Preto. Este gaúcho atuou durante muitos anos na diocese de Nova Iguaçu, ao lado do incansável e inspirador dom Adriano Hipólito. Quando o conheci ele atuava com a Pastoral Operária daquela diocese. Foi durante muitos anos coordenador diocesano. Sempre tinha uma palavra de inspiração e esperança e um olhar crítico sobre os modos com os quais o sociometabolismo capitalista do Capital conformava-se em força do capeta-capital. Conversando com ele descobri que atuou durante anos com o Centro Ecumênico de Documentação e Informação, favorecendo as lutas em favor do Ecumenismo em nossas terras fluminenses. Várias vezes atuou na promoção das Semanas Sociais e estimulava às Comunidades Eclesiais de Base, não apenas na diocese, em todo o Leste 1. Nas décadas de 1980-1990, quando a articulação das dioceses do Leste 1, para além dos ventos conservadores e obscurantistas caminhavam com alguma força, ele era um dos entusiastas do Leste 0 (zero).
Apreciava muito o boletim diocesano, tinha na imagem dos peixinhos que se juntavam para afugentar o tubarão… Sempre se identificou com o povo da Baixada Fluminense, com essa população forjou amizades, avançou com muita ternura e tenacidade. Por muitos anos foi o deão da Catedral de Santo Antonio, em Nova Iguaçu. Um homem ecumênico que sempre buscou articular as comunidades cristãs ao seu redor em favor da vida, da esperança e da dignidade humana, numa clara opção preferencial pelos pobres. Agora, chamado por Deus, nos oferece mais uma vez a chave da esperança. Ele ficaria aborrecido com qualquer sinal de tristeza, qualquer sinal de falta de coragem. Ele é um homem de coragem, ternura e esperança. Para a comunidade que é KOINONIA há um halo de agradecimento, reconhecimento e solidariedade. Agradecemos tudo que Agostinho Preto fez ao longo de sua vida pela esperança dos pobres e o ecumenismo libertador. Reconhecemos o papel que cumpriu em animar as comunidades eclesiais de base em seu diálogo com as outras comunidades cristãs e as comunidades de outras religiões. Finalmente, somos solidários com toda a diocese de Nova Iguaçu que sente com muita força a despedida deste irmão, assim como tem acesa a chama em ter nele uma inspiração e um exemplo de fidelidade ao seguimento de Jesus Cristo. Até breve, Agostinho!
Com informações Jorge Atílio assessor de KOINONIA, coordenador dos programas EDF e TRD