1ª JECO lança carta Contra a Violência à Juventude do Brasil

Márcia Evangelista

Durante a 1ª Jornada Ecumênica do Cerrado – JECO, realizada na cidade de Hidrolândia, em Goiânia, entre os dias 9 e 11 de outubro, foi lida pela primeira vez a Carta Contra Toda a Violência à Juventude do Brasil (Leia a íntegra da Carta abaixo), uma ação nacional da REJU neste 2º semestre, com contribuição de 15 grupos de juventudes das quatro regiões onde a REJU se faz presente, com narrativas de violências contra jovens e propostas de ações libertadoras.

A 1ª JECO contou com a participação de 80 pessoas, entre jovens e adultos, vindos de igrejas cristãs (com maioria católica) e não cristãs e movimentos e organizações ecumênicas da Região Centro-Oeste.

Durante a jornada foi oficializada a coordenação regional da REJU CO e confirmada a Reverenda Tatiana Ribeiro (Igreja Anglicana/DF) como a facilitadora regional da REJU na Região.

A REJU nacional foi representada pelo Facilitador Nacional, Daniel Evangelista e pelos(as) facilitadores(as) regionais: Cintia Maria (REJU SE), Alberto Rocha (REJU NE), Lourença Santiago (representando REJU Sul) e Daniel Souza (REJU SP).

Durante o encontro foi apresentado o primeiro Portal Ecumênico que tem como ênfase a América Latina e o Caribe, que pretende funcionar como ferramenta essencial para as instituições de pesquisa, organizações ecumênicas, centros de informação e documentação, bibliotecas, pesquisadores, membros de igrejas e estudantes. O Portal Ecumênico é um projeto financiado pela Christian Aid e tem como parceiros: ALC, CEBI, CECA, Centro Martin Luther King Jr, CESE, CESEP, CIPAE, CLAI, CREAS, FASIC, GTME, IEAB, KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço, PROFEC, REJU e UNIPOP.

Para acessar o portal: www.portalecumenico.net

 

“E o fruto da justiça será a paz!

A prática da justiça resultará em tranqüilidade

 e segurança duradouras.” (Isaias  32.17)

Rede Ecumênica da Juventude exige ações públicas efetivas para  superação da violência contra a juventude brasileira

A Rede Ecumênica da Juventude pelos Direitos da Juvenis (REJU), organizada com o apoio das instituições ecumênicas, conselhos ecumênicos e igrejas cristãs que conformam o Fórum Ecumênico do Brasil (FE Brasil), existe desde 2007. Nosso propósito é reunir jovens representantes de diferentes localidades, movimentos sociais rurais e urbanos, comunidades religiosas cristãs e não‑cristãs, para a promoção dos direitos juvenis e o diálogo contra a intolerância.

Considerando que o ano de 2009 foi aquele da realização da Conferência Nacional de Segurança Pública, e que o Estado brasileiro enseja a participação da sociedade civil para obtermos uma segurança cidadã, que preserve a vida humana e faça valer o direito, em especial para os mais pobres e injustiçados;

Considerando que para as comunidades religiosas a paz é fruto da justiça e esta unidade é elemento indivisível da experiência da fé;

Considerando que para os movimentos sociais não teremos nenhuma forma de superação da violência na sociedade brasileira sem que se superem as desigualdades socioeconômicas e as intolerâncias que amargamos;

Os(as) jovens da REJU realizaram uma ação nacional, mobilizando 300 jovens lideranças comunitárias, em quinze cidades de quatro regiões do país. Por meio desta mobilização, estabeleceu um diálogo com vistas ao reconhecimento das situações de violência experimentadas no cotidiano.

Mais que isso, identificou as práticas que estas lideranças jovens realizam para a superação da violência. Por isto, demanda do Estado, nas suas diferentes instâncias, o reconhecimento e o apoio para o fortalecimento de tais ações. Ensejando assim, por meio de tal atitude, empoderar geracionalmente a construção da segurança humana, de valorização da vida, da dignidade humana e dos direitos humanos no Brasil, em sua integralidade, civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais.

As seguintes propostas de ações para a superação da violência precisam de reconhecimento e apoio das autoridades públicas nas áreas:

Pedagógicas

Ações de inclusão às crianças da comunidade, nos debates sobre violência e sua superação;

Ação formativa com jovens da REJU sobre o tema da violência;

Fortalecer os movimentos populares e organizações de apoio, como CPT e MST;

Promover educação camponesa de qualidade;

Promover por meio da escola, orientação familiar para redução da violência doméstica; Promover políticas de educação e saúde que desenvolvam os valores da paz e da superação da violência.

Culturais

Desenvolver projetos como o CINEJUVENTUDE da REJU, que também abordem o tema da saúde, e sejam acessíveis para a população;

Cinema popular;

Promover ações de formação cultural (bandas marciais, etc);

Superação da Intolerância

Atuar de acordo com a paz de Jesus (Jo 14, 27);

Desenvolver práticas culturais de tolerância (religiosa, cultural, étnica, etc);

Fortalecer as ações sociais das igrejas com a juventude;

Incentivar o estudo e o testemunho de promoção da paz;

Leitura popular da Bíblia com assessoria do CEBI;

Participar da ação do Dia Nacional da Juventude da Pastoral da Juventude do Brasil;

Promover debates sobre os preconceitos;

Formação de um grupo de jovens que haverá de trabalhar a temática de Políticas Políticas Públicas para a Juventude.

Políticas de geração de trabalho e renda

Criar programas de geração de emprego e renda;

Promover cursos profissionalizantes.

Solução de problemas de infraestrutura

Promover projetos sociais nas comunidades urbanas e rurais;

Promover melhoria de condições de vida nas comunidades urbanas e rurais.

Ações específicas na área de segurança pública

Campanha de desarmamento permanente;

Combate à violência sexual;

Desenvolver apoio aos pais de jovens que praticam e/ou sofrem violência;

Desenvolver mecanismos de apoio social aos jovens que estão envolvidos com a criminalidade;

Desenvolver maior acesso da juventude ao sistema judiciário;

Fortalecer os Conselhos Tutelares de Crianças e Adolescentes;

Fortalecer políticas públicas de juventude que incluam o diálogo com as famílias;

Promover debate sobre política de drogas,  com atendimento a usuários  e políticas de redução de danos;

Promover parceria com associações de moradores para debater a política pública de segurança e seus efeitos geradores de violência.

Ações específicas de Políticas Públicas para a Juventude (PPJ)

Criar fórum de juventude nas comunidades para diagnosticar e atuar em favor dos interesses da juventude;

Incentivar a solidariedade de jovens às áreas carentes para promover a solidariedade de classe;

Pressionar às autoridades públicas para que efetivem as Políticas Públicas para a Juventude.

Com isso, também queremos denunciar que não é por inoperância da juventude que estamos a viver a letalidade da violência no País. Assim como, não nos podem responsabilizar por um processo que tem como principal vítima nossos iguais, a saber, em especial a juventude, de 15 a 24 anos, que vive nas periferias urbanas e rurais e que é, majoritariamente composta de negros. Denunciamos que em nossas regiões temos vivido a aflição das ameaças constantes, e temos convicção que, em grande parte, essa violência é de responsabilidade do Estado que não nos assegura um ambiente adequado para o desenvolvimento de nossa vida, educação e trabalho.

Neste sentido, exigimos das autoridades que:

– nos subsidiem para a continuidade da realização dessas ações;

– assumam as responsabilidades devidas para a execução das ações que correspondam à sua esfera de atuação;

– divulguem pelos meios que se façam pertinentes a existência dessas ações promovidas por lideranças juvenis da REJU em várias regiões do Brasil.

Nós, jovens dos movimentos sociais urbanos e rurais, das comunidades religiosas cristãs e não‑cristãs exigimos contar com o apoio do Estado brasileiro. 

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