Márcia Evangelista
No dia 29 de agosto, o Programa Egbé Territórios Negros promoveu mais um Almoço de Trabalho e Fraternidade, reunindo 95 pessoas, representando 54 comunidades de Candomblé de Salvador e da região metropolitana.
O encontro, sediado pela Coordenadoria Ecumênica de Serviço – CESE, teve sua abertura abençoada com uma oração feita por Mãe Marta, do Terreiro Viva Deus Bisneto. No encerramento, a oração foi feita por Mãe Helenice, do Ilê Axé Omin J’Obá. Na oportunidade foi lançado e distribuído para o público uma nova edição do informativo Fala Egbé (Edição de nº 19), que pode ser visualizado
Além da apresentação dos presentes e o compartilhar dos encaminhamentos das atividades desenvolvidas pelo Programa Egbé no período de abril a agosto, os presentes participaram de uma discussão sobre a situação ambiental de Salvador, compartilhando os problemas existentes nas áreas em que suas Casas se encontram. Os presentes deram ênfase à “morte dos rios” da cidade, fato relatado por Ordep Serra, que, junto com o Conselho do Programa Egbé encaminhou um abaixo assinado de autoria do Povo do Candomblé às autoridades, manifestando a preocupação com a situação.
Leia o manifesto na íntegra.
“Nós, abaixo assinados, sacerdotes e sacerdotizas do culto afro-brasileiro, nos dirigimos às autoridades e ao povo da Bahia para manifestar nossa profunda preocupação com os problemas que, nesta cidade de Salvador, afligem a natureza e portanto nos afligem. Nossa religião é toda voltada para a natureza: os rios, os lagos, as matas, o mar, são sagrados para nós. Quando vemos o desmatamento que ameaça destruir nossas reservas naturais e acabar com o que resta da Mata Atlântica em Salvador, ficamos entristecidos e indignados. Para nós é um absurdo e um sacrilégio aterrar lagoas, sufocar nascentes, encarcerar rios em túmulos de cimento. Quem pode viver sem água? Como falar em progresso quando se destrói o que a natureza deu de graça? Por acaso a destruição é progresso? Quem pode fazer um rio? Porque destruir uma riqueza que não se pode fazer? Quem mata rios e plantas comete suicídio, porque nossa vida depende deles e ninguém vive sem a natureza. Nossos Orixás, Voduns, Inquices, Caboclos e antepassados sempre nos ensinaram a respeitar a vida. Não falamos apenas em nome de nosso culto, que pode se tornar impossível numa cidade cada vez mais nua de árvores, de matas, de fontes. Não estamos preocupados apenas conosco, mas com todos os homens e mulheres: não só os que já estão aqui como também os que ainda vão nascer. Porque a natureza é vida. Se ela não for respeitada, a humanidade não poderá sobreviver. Pensamos na gente pobre que vive aflita nesta cidade cada vez mais violenta e desumana. Onde a natureza não é respeitada, a violência cresce, a pobreza também. E quem mais sofre é nosso povo negro, sempre discriminado. Respeitem a natureza, plantem árvores em vez de derrubar, limpem os rios e lagoas em vez de aterrar e cobrir. Não pensem só nos condomínios de luxo: se lembrem dos pobres que são a maioria do nosso povo. A vida é sagrada, respeitemos a vida!”
Assinam o manifesto as casas relacionadas:
1. Casa Branca
2. Ilê Axé Ajagonon Elegbo
3. Ilê Axé Alafumbí
4. Ilê Axé Alarabedê
5. Ilê Axé Jfokan
6. Ilê Axé Kalé Bokun
7. Ilê Axé Omin J’Obá
8. Ilê Axé Omin Nijá
9. Ilê Axé Oxossi Talami
10. Ilê Yiá Osshum
11. Terreiro Tuumba Junçara
12. Terreiro Tumba Ngongo Sara
13. Terreiro Viva Deus Bisneto
14. Terreiro de Jauá
15. Ilê Axé Ondô Nirê
16. Ilê Axé Ibualama
17. Ilê Axé Odé G’Mim
18. Ilê Axé Burukam Ajunsum
19. Ilê Axé Onado Ne Osun
20. Terreiro Moitumba Junçara
21. Manso Dandalungua Cocuazenza
22. Terreiro Kawizidi Junçara
23. Centro do Caboclo Itapoá
24. Terreiro Oyá Matamba
25. Centro Umbandista Paz e Justiça
26. Kakitembu – Pau Miúdo
27. Ilê Axé Odé Obá Lodê – Jauá Camaçari
28. Nzó Sasaganzuá Mono Guiamaze
29. Ilê Axé Ejiegg Faleji
30. Josenildon Terreiro?
31. Unzó Kunã Lembe N’kossi
32. Terreiro Oyá Matamba
33. Terreiro de Guiaiba
34. Terreiro Oiá Onipó Neto
35. Terreiro Pena Branca
36. Ilê Axé Igbonan
37. Terreiro São Roque
38. Ilê Axé Ogum Dey
39. Maiala Unzó
40. Ilê Axé Ominidê
41. Ilê Axé Yiá Omim Lonan
42. Ilê Axé Gelua
43. Inge Eva Junsara
44. Terreiro Kawizidi Junçara
45. Terreiro de /boiadeiro
46. Ilê Axé Omin J’Obá
47. Ilê Axé Anandeuy
48. Ilê Axé Omin Omin Leuá
49. Terreiro Aloyá
50. Jekutida Atim de Lezambe
51. Terreiro Oiá Onipó Filho
52. Mukundewá
53. Ilê Axé Osun Yinká
54. Terreiro Viva Deus Filho