Egbé na comunidade de Barroso

Manoela Vianna

Após percorrer 11 km de uma estrada de barro em péssimas condições, que corta uma área de vegetação exuberante de Mata Atlântica, a equipe do Programa Egbé foi recebida com muito entusiasmo pela comunidade de Barroso, localizada no município de Camamu, região do Baixo Sul da Bahia.

O motivo da visita foi mais uma oficina do Projeto “Capacitação e Apoio ao desenvolvimento das Comunidades Negras tradicionais do Brasil”, realizado pelo Programa Egbé Territórios Negros de KOINONIA.

A oficina, iniciada em 24 de agosto, foi aberta pelo presidente da associação de Barroso, Antonio Correia dos Santos, que afirmou que o momento era de esclarecimento de dúvidas. A fala de Santos deu o tom para o encontro que buscou informar os participantes sobre os direitos das comunidades quilombolas. Essa temática é, cada vez mais, de interesse da população da região do Baixo Sul, já que desde 2005, diversas comunidades locais foram certificadas pela Fundação Cultural Palmares como remanescente de quilombo. E a partir daí os governos municipais, estaduais e federal começaram a promover políticas públicas específicas para essas comunidades.

Na oficina estavam presentes além de Barroso, certificada em março deste ano; representantes de Pimenteira, também certificada pela FCP, em abril de 2008; e moradores das comunidades Dandara dos Palmares e Terra Seca.

Os cerca de 30 participantes debateram temas como identidade, história, acesso a políticas públicas e os direitos das comunidades quilombolas. A oficina permitiu que muitas dúvidas fossem esclarecidas. Representantes do Serviço de Assessoria às Organizações Populares Rurais (Sasop) e do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Camamu também contribuíram com o evento.

A comunidade de Barroso

Cultivar cacau, cravo, guaraná e cereais são as principais atividades da comunidade de Barroso, formada por trinta e cinco famílias. Parte da produção é vendida em Camamu, mas, segundo Antonio, o difícil acesso à comunidade prejudica muito o escoamento da produção.

Dificuldade de acesso é um dos grandes problemas de Barroso. A estrada que liga a comunidade à rodovia para o povoado de Acaraí está em péssimas condições. São 11 Km de estrada de barro na qual só carros com tração nas quatro rodas conseguem passar.

Esse isolamento geográfico também dificulta o acesso à educação, já que a escola da comunidade só comporta crianças até a quinta série. Após esse período, elas enfrentam duas horas para chegarem à escola mais próxima. Primeiro são transportadas por um caminhão até a rodovia e depois por um coletivo.

A expectativa da comunidade é que a qualidade de vida melhore, já que, segundo o presidente da associação, estão previstos um projeto que levará água à comunidade e os moradores estão envolvidos em ações de economia solidária. Barroso também está participando de um projeto do Sasop de resgate do trabalho com o barro da região. Homens, mulheres e crianças aprenderam as técnicas de trabalho com o barro e estão produzindo diversos objetos com o material.

Sobre o projeto

As ações do projeto “Capacitação e Apoio ao desenvolvimento das Comunidades Negras tradicionais do Brasil” tiveram início em 2007. O projeto realizado por KOINONIA, co-financiado pela União Européia, Christian Aid e EED, tem como público alvo 15 Terreiros de Candomblé em Salvador e alacança 22 comunidades negras rurais da região do Baixo Sul da Bahia.

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