Helena Costa
Palavras a Caminho da 3ª Jornada
Solidariedade, Justiça e Paz para Preservar a Integridade da Criação
O movimento ecumênico internacional e, em particular o latino-americano e brasileiro, estão historicamente ligados às lutas por direitos e justiça. Para o movimento ecumênico, pode-se dizer que unidade não é uniformidade, mas a possibilidade de convivência do diverso na diversidade do mundo; mundo onde a diferença não se traduza em estranheza; onde os direitos de todos e de todas sejam plenamente respeitados; mundo onde haja justiça e, assim, nele possa caminhar uma Plural e Divertida Humanidade em Paz.
A Jornada é uma ocasião especial em que se dá o incremento do compromisso do movimento ecumênico com essa ampla luta por direitos, agregando outros grupos para além daqueles que já o firmaram e o confirmaram com a prática comprometida. Prática que expressa a fé na justiça como meio para garantir a paz e a integridade da Criação. A Vida, em especial a humana, é a obra prima de Deus: requer cuidado, zelo, requer restauração e preservação constante e permanente. As forças que promovem a guerra, a animosidade entre povos, etnias, credos e toda sorte de agrupamentos humanos insultam a Criação Divina.
Esta edição da Jornada Ecumênica se reveste de particular importância pois adquire o caráter de reunião preparatória à próxima Assembléia Geral do Conselho Mundial de Igrejas – CMI, que, pela primeira vez, será realizada no Continente Latino-americano, em 2006. Isso fará com que a Jornada extrapole as fronteiras brasileiras, convocando entidades, grupos e indivíduos de toda a América Latina. Invistamos nosso melhor esforço para que a próxima Jornada seja um celeiro onde o trigo já armazenado venha a alimentar todos os espíritos sedentos de solidariedade e justiça.
Pode-se dizer, como se diz no Plano de Ação 2003 do PAD (Processo de Articulação e Diálogo entre Agências Ecumênicas Européias e seus Parceiros no Brasil), que “solidariedade não é um elemento constantemente presente na natureza humana. Solidariedade é fruto de um processo de conversão, uma verdadeira mudança de mentalidade e atitude”. E reafirmar que enquanto andarem juntos “ecumenismo e direitos, necessidade e solidariedade se encontrarão.”
A busca pela paz está na pauta desde as origens do movimento ecumênico, mas volta a adquirir, recentemente, especial importância a partir da Década para Superar a Violência, promovida pelo CMI, em conjunto com Igrejas e outros organismos nacionais e internacionais. Nesse contexto, a Jornada deve firmar-se como fórum promotor da solidariedade dos grupos populares e comunidades religiosas entre si e para com os despossuídos e excluídos de nossa sociedade, dirimindo desigualdades para superar desavenças, pois somente com justiça poderemos alcançar a almejada paz social. É preciso que se avive sempre a chama da vontade de paz, no coração de cada um e cada uma, e, assim, cheguemos a uma sociedade em que a riqueza da diversidade humana possibilite a alegria da convivência de todos em um mundo inclusivo e solidário – um mundo comum, e por isso extraordinário.
Eliana Rolemberg
Diretora Executiva da Cese,
Membro da Coordenação do Fórum Ecumênico (FE Brasil)
e da Coordenação da 3ª Jornada Ecumênica